O Estados Unidos anunciou ações drásticas para diminuir as emissões de metano em até 80% nos próximos 15 anos. As novas regulamentações, reveladas durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (COP28), realizada em Dubai, são voltadas para a indústria de petróleo e gás. Estima-se que as regras possam reduzir a emissão de 58 milhões de toneladas de metano até 2038. Michael Regan, administrador da Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA), enfatiza que cortes significativos nas emissões de metano são essenciais para frear o aquecimento global, dada a sua capacidade de aquecer o planeta até 80 vezes mais que o dióxido de carbono, ainda que tenha uma vida atmosférica mais curta.
A iniciativa é considerada central em uma série de ações implementadas pelos países participantes da COP28 para limitar o metano, que atualmente é responsável por cerca de um terço do aquecimento global. A EPA criou essas regras que serão equiparáveis à redução de 1.5 bilhão de toneladas métricas de dióxido de carbono, uma quantidade comparável à poluição gerada pelo setor de energia dos EUA ou por 28 milhões de veículos movidos a combustíveis fósseis.
As regulamentações obrigam as empresas de óleo e gás a vedar vazamentos em instalações existentes, eliminar a queima rotineira de gás em poços e aprimorar o monitoramento de metano que escapa. Essas diretrizes são descritas por Regan como uma demonstração do que significa liderança climática global.
Além disso, mais de 150 países assinaram a Promessa Global de Metano, uma iniciativa conjunta dos EUA e da União Europeia que visa a redução em 30% das emissões de metano até 2030. Destaca-se a adesão de nações como Angola, Quênia, Romênia, Cazaquistão e Turcomenistão, este último tendo suas “assustadoras” emissões de metano reveladas anteriormente, o que teria motivado o país a agir para reparar sua infraestrutura de gás envelhecida.
Fomentando o combate às emissões, países, empresas e doadores disponibilizaram um fundo de 1 bilhão de dólares para auxiliar na redução das emissões de metano globalmente. John Kerry, enviado climático dos EUA, ressaltou que os esforços para reduzir outras substâncias poluentes, como o metano, têm sido negligenciados em comparação ao foco maior no dióxido de carbono. Ele afirmou que agir sobre o metano é o caminho mais fácil e rápido para obter progressos contra o aquecimento global.
Os avanços na redução de metano porém são inconsistentes, como indica dados da empresa francesa Kayrros, que fornece informações para a ONU e disponibilizou um mapa aberto de vazamentos de metano. A ferramenta identificou mais de 5.600 eventos de superemissores desde 2019. Em contraste, alguns países signatários da Promessa Global de Metano ainda não demonstraram diminuição nas emissões, e nos EUA, especificamente, há um aumento registrado.
A fiscalização dos grandes emissores de metano está se intensificando com a ajuda de imagens de satélite. O sistema de alerta e resposta ao metano da ONU já está operacional e aponta operações de vazamentos significativos, que serão tornadas públicas após detecção, operando como um mecanismo de exposição dos responsáveis.
Outros compromissos da COP28 envolvem a junção dos EUA a um grupo de países que promete não construir novas usinas a carvão, e a Colômbia tornando-se o décimo país, e um dos poucos produtores de petróleo, a fazer parte de um tratado de não proliferação de combustíveis fósseis. Além disso, mais de 100 países indicaram apoio à inclusão do abandono dos combustíveis fósseis no acordo da COP28, apesar de resistência de nações com grandes indústrias de extração de óleo e gás.