Estudo revela impacto direto da economia circular no crescimento do PIB na União Europeia

Uma análise recente conduzida com dados de 27 países da União Europeia entre 2012 e 2023 confirmou a correlação entre a adoção de práticas da economia circular e o crescimento econômico no bloco. Com base em um amplo modelo de regressão, pesquisadores demonstraram que fatores como a produtividade de recursos, o volume de empregos verdes, o uso de energia renovável e a reciclagem de resíduos municipais têm impacto significativo sobre o PIB per capita.

O estudo, conduzido pela professora T. I. Mshvidobadze da Gori State University, indica que um aumento de até 30% na produtividade dos recursos pode levar a um crescimento de 1% no PIB da União Europeia até 2030. Este dado reforça a tese da Comissão Europeia de que o uso mais eficiente de materiais é um motor central para o desenvolvimento sustentável da região.

A produtividade dos recursos, definida como a relação entre o Produto Interno Bruto e o consumo doméstico de materiais, foi um dos indicadores com maior peso no modelo estatístico utilizado. Países como Holanda (€4,30/kg), Luxemburgo (€4,20/kg) e Reino Unido (€3,80/kg) apresentaram os melhores índices nesse quesito, enquanto Bulgária, Romênia e Polônia registraram os menores, com valores abaixo de €0,50/kg.

Entre os outros fatores analisados, destacam-se o índice de reciclagem de resíduos urbanos — liderado por Suécia, Dinamarca e Hungria —, o uso de energia renovável e a introdução no mercado de produtos inovadores com benefícios ambientais. Todos esses elementos foram significativos, com coeficientes positivos na explicação do crescimento econômico nos modelos de regressão testados.

Além disso, os empregos relacionados à produção de bens ambientais também se mostraram fundamentais. A pesquisa conclui que há uma importante ligação entre essas ocupações e o crescimento econômico, validando a hipótese de que maior envolvimento do trabalho em proteção ambiental favorece a economia.

O modelo construído pelos autores apresentou um R² ajustado de 0,82, indicando alta capacidade de explicação do crescimento econômico pela combinação dos cinco fatores circulares. A equação gerada foi: δ = −1.2453 + 2.324X1 + 2.389X2 + 1.658X3 + 1.476X4 + 1.493X5, onde δ representa o crescimento do PIB per capita e os Xs se referem, respectivamente, aos fatores citados acima.

Apesar do avanço, o estudo destaca que os negócios circulares ainda permanecem em nichos e que há necessidade de maior integração de práticas circulares nas economias de escala. Segundo o relatório da Agência Europeia do Meio Ambiente de 2024, embora haja progresso, os desafios persistem na ampliação da base produtiva circular e no fortalecimento de políticas e investimentos para a transição.

Outro entrave identificado é o déficit de dados integrados para monitorar certos componentes da economia circular. A literatura aponta para a fragmentação dos dados sobre modelos de negócio circulares e a falta de métricas amplas que capturem as mudanças sistêmicas exigidas por essa abordagem econômica.

O artigo reforça ainda a importância da educação ambiental da sociedade civil e da infraestrutura para coleta, triagem e reciclagem como alicerces do modelo europeu. Os benefícios já observados incluem aumento do emprego, aumento da arrecadação municipal e crescimento das receitas de empresas voltadas à infraestrutura ambiental.

Por fim, os autores sugerem que a modelo de regressão linear desenvolvido pode ser replicado como ferramenta de apoio à formulação de políticas e estratégias nacionais voltadas à economia circular. Com ele, é possível quantificar o impacto econômico de medidas ecológicas e planejar intervenções mais eficazes nos próximos ciclos de política pública da União Europeia.

Fonte: Progress towards a circular economy at the EU level and its impact on economic development

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