O bambu nativo do Acre tem grande potencial para impulsionar uma bioeconomia sustentável na Amazônia
Pesquisadores do Centro de Pesquisa Agroflorestal do Acre e da Universidade Federal de Rondônia realizaram um estudo detalhado para analisar o potencial bioeconômico da oferta natural de bambu no estado do Acre, localizado na região amazônica do Brasil. O trabalho estimou que as extensas florestas de bambu existentes no Acre podem gerar uma receita de até 5,2 bilhões de dólares, por meio do fornecimento de matéria-prima renovável para diversos setores produtivos como as indústrias moveleira, de construção civil e energética.
De acordo com os pesquisadores, a exploração econômica do bambu nativo representa uma oportunidade de conciliar ganhos financeiros com a conservação ambiental. Isso porque o bambu é um recurso que se regenera rapidamente, demandando investimentos relativamente baixos e causando pouco impacto ao meio ambiente.
O estudo aponta que o Acre possui aproximadamente 21,8 bilhões de hastes de bambu espalhadas por florestas que ocupam 62% do território estadual. A maior parte dessa vasta biomassa poderia ser empregada como matéria-prima pela indústria moveleira e de construção civil, na produção de itens como painéis, pisos e placas. O volume restante poderia ser destinado à fabricação de carvão vegetal.
Levando em conta os preços médios cobrados no mercado internacional, os pesquisadores calcularam que somente a oferta de bambu nativo para a indústria renderia uma receita de 4,4 bilhões de dólares. Já a biomassa convertida em carvão vegetal agregaria mais 778 milhões de dólares. Somadas, essas fontes de renda totalizariam o expressivo potencial de arrecadação de 5,2 bilhões de dólares provenientes do bambu nativo do Acre.
Ainda que significativo, os autores do estudo destacam que colocar em prática o potencial econômico do bambu nativo não é uma tarefa trivial na região amazônica devido aos desafios logísticos. Por isso, eles mapearam espacialmente a ocorrência de bambu no território acreano identificando as áreas mais favoráveis para possibilitar uma extração eficiente e ecologicamente sustentável deste valioso recurso.
Em conclusão, o estudo aponta que as atividades produtivas baseadas no bambu nativo podem representar uma promissora bioeconomia para a Amazônia, gerando receitas, empregos e desenvolvimento socioeconômico com baixa pegada ambiental. Além disso, o uso do bambu contribuiria para a conservação das florestas nativas ao reduzir a pressão por exploração excessiva de outras espécies florestais. Portanto, os pesquisadores veem no bambu uma opção viável para impulsionar o desenvolvimento sustentável da região amazônica.
Fontes:
M. M. A. Bayma et al., “Bioeconomia do bambu nativo Guadua spp. do Acre Amazônia Brasil,” Revista GeSec, vol. 14, no. 6, pp. 10629-10643, 2023. DOI: 10.7769/gesec.v14i6.2396.
“Acre possui maior floresta nativa de bambu do mundo”. SEMADESC. Consult. 2023-11-20. Disponível em: https://www.semadesc.ms.gov.br/acre-possui-maior-floresta-nativa-de-bambu-do-mundo/