Incêndios em florestas maduras disparam na Amazônia
Contrariando o cenário de redução do desmatamento e de focos totais de calor, a Amazônia experimentou em 2023 um aumento de 152% nos incêndios de áreas de florestas maduras em relação a 2022. O dado alarmante, apresentado em estudo divulgado na revista Global Change Biology, ressalta a gravidade do impacto sobre a vegetação nativa e o estoque de carbono, contribuindo significativamente para as mudanças climáticas.
Os pesquisadores, ao analisarem imagens de satélite, identificaram um salto de 13.477 para 34.012 focos em áreas florestais. Atribuem o fenômeno às secas mais frequentes e severas, como as observadas no biênio 2023-2024, que tornam o bioma mais suscetível às chamas e provocam uma maior fragmentação da vegetação.
O Programa Queimadas do Inpe registrou, no primeiro trimestre de 2024, o recorde de focos de calor para o período nos últimos oito anos, com 7.861 notificações. O especialista em sensoriamento remoto Guilherme Augusto Verola Mataveli aponta para a necessidade de se compreender a distribuição dos incêndios, visando respostas diferenciadas para cada região afetada.
O aumento dos incêndios tem consequências diretas tanto para o ambiente como para as populações locais. Cidades como Manaus enfrentaram uma das piores qualidades de ar do mundo, e o estado do Pará também registrou uma elevação significativa nos focos de calor em florestas maduras.
A situação em Roraima também se destaca por sua gravidade, concentrando mais da metade dos registros do bioma. Além do impacto ambiental, afeta diretamente comunidades indígenas com consequências que vão desde a suspensão de aulas até a exposição a doenças respiratórias devido à seca e à fumaça.
O combate aos incêndios inclui ações de prevenção realizadas pelo Ibama/Prevfogo em parceria com outras instituições. Assim como a importância dos órgãos ambientais estaduais e municipais na luta contra os incêndios, em colaboração com entes federais. As estratégias apontam para medidas urgentes na mitigação dos incêndios e manutenção da sustentabilidade amazônica.
Para reduzir a vulnerabilidade da floresta às chamas, os pesquisadores sugerem medidas que incluem o aumento de operações de comando e controle, expansão de brigadas de incêndio e o desenvolvimento de sistemas de monitoramento avançados com o uso de inteligência artificial.
Fonte: L. Constantino, ‘Incêndios em áreas de florestas maduras cresceram 152% na Amazônia em 2023, aponta estudo,’ Agência FAPESP, 09 abr. 2024. [Online]. Available: https://agencia.fapesp.br/incendios-em-areas-de-florestas-maduras-cresceram-152-na-amazonia-em-2023-aponta-estudo/40757/. DOI: 10.1111/gcb.17202.