A sustentabilidade no coração do Cerrado brasileiro, aliada à preservação da biodiversidade e à inovação na agricultura, pode ser a chave para uma economia mais verde e próspera. Um relatório recente, apresentado no prestigiado Fórum Econômico Mundial, apontou um potencial de geração de até US$ 72 bilhões anuais para o Brasil até 2030. Este crescimento seria alcançado a partir de um novo modelo de desenvolvimento para a região, que colocaria o país em destaque no cenário global de liderança climática.
A iniciativa Tropical Forest Alliance trouxe à tona o estudo intitulado ‘Cerrado: Production and Protection’, baseado na parceria com a empresa Systemiq, que sugeriu soluções inovadoras como a agrossilvicultura e a agricultura regenerativa. Estas práticas não só promoveriam um uso mais racional dos recursos naturais, como também incrementariam a produtividade e criariam novos empregos, mantendo viva a relevância do Brasil diante dos desafios impostos por agendas internacionais, como a COP30.
Ao delinear a situação atual, o relatório destacou um contraste preocupante entre o Cerrado e a Amazônia em relação à atenção e proteção legal recebida. No último ano, o Cerrado sofreu um incremento de 43% no desmatamento, uma cifra alarmante em comparação com a significativa queda na Amazônia. Diante deste cenário, há uma urgência em se discutir estratégias para evitar não apenas a perda de biodiversidade, mas também os riscos associados à segurança alimentar e à segurança hídrica. As estatísticas indicam que, se não houver uma mudança de curso, importantes negócios baseados nesse bioma poderão ser impactados negativamente.
Além da produção de alimentos, o Cerrado emerge como uma área de forte potencial para a bioenergia, ostentando já um terço das instalações de biogás do Brasil. O relatório sugere, entretanto, que essa expansão seja acompanhada de iniciativas de conservação ambiental robustas, evitando um estímulo involuntário ao desmatamento, o que poderia comprometer esse horizonte promissor.
Para viabilizar esse modelo proposto, uma colaboração mais estreita entre os setores público e privado é crucial, assim como ações integradas de diversas frentes, incluindo os próprios agricultores, empresas de tecnologia e, claro, formuladores de políticas públicas. Patricia Ellen da Silva, associada à Systemiq, reforça essa visão e destaca a importância de posicionar o Cerrado como eixo de transformação global, tanto dos sistemas de produção de alimentos quanto de energia, ressaltando que, embora complexo, esse caminho é necessário para se chegar a um futuro mais sustentável para o bioma.