Especialistas alertam para colapso climático iminente e necessidade de ação urgente no Brasil

O cenário climático global atual se aproxima de um estado de colapso, conforme alertaram especialistas durante uma audiência pública na Comissão Especial de Prevenção e Auxílio a Desastres Naturais da Câmara dos Deputados no Brasil. Em meio ao rápido avanço do aquecimento global, a discussão pautou-se na urgente necessidade de adotar medidas como a descarbonização, reflorestamento e monitoramento dos biomas.

A concentração de gases do efeito estufa na atmosfera foi comparada pelo físico e doutor em ciências atmosféricas, Alexandre Araújo da Costa, a explosões de bombas atômicas. Ele ilustrou a gravidade da situação enfatizando que a acumulação destes gases resultou em um aumento de 50% no CO2, e mais de 30% no óxido nitroso desde 1800, equiparável à energia de 21 bombas de Hiroshima detonadas por segundo. Estas transformações intensificam eventos climáticos extremos, elevam temperaturas e causam a dilatação dos oceanos e o derretimento de geleiras.

Outra perspectiva alarmante foi apresentada pela química e pesquisadora Luciana Gatti, coordenadora do Laboratório de Gases do Efeito Estufa do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (LaGEE/INPE), que destacou o atual aumento de temperatura nos oceanos. As referências não se restringem apenas ao fenômeno El Niño, e os padrões atípicos estão ainda mais severos este ano, o que sugere um cenário incontrolável e, talvez, já um colapso em curso.

Gatti, coautora de um estudo significativo sobre o impacto do desmatamento na Amazônia, chamou atenção para a realidade agravante no leste da região, especialmente em áreas do Pará e Mato Grosso. Ela defendeu a importância em proclamar um estado de emergência, tendo em vista o aumento desproporcional da temperatura nos últimos 20 anos em comparação aos 40 anos anteriores, e o potencial atingimento de um ponto de não-retorno. Como formas de mitigação, mencionou a redução no desmatamento e na produção de combustíveis fósseis, assim como a implementação de projetos de reflorestamento com vegetação nativa.

Na esfera política, o deputado Gilson Daniel, relator da comissão especial, assegurou que analisaria estratégias de suporte à rede de monitoramento dos biomas através de emendas parlamentares, enquanto o deputado Tarcísio Motta ressaltou a necessidade de reservar 5% das emendas para enfrentar emergências climáticas. Não menos importante foi o argumento de Márcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, que mostrou preocupação com a previsão de 250 mil mortes anuais devido a condições climáticas extremas entre 2030 e 2050.

A sessão foi palco para enfatizar os impactos da crise climática nas condições de moradias e saúde da população, além de apontar os recordes de degelo e temperaturas anormalmente altas em locais como Antártida, Groenlândia e Sibéria. A menção aos desastres naturais experimentados por 93% das cidades brasileiras entre 2013 e 2022 reitera a prevalência desse desafio ambiental e social. O país é convidado, junto ao resto do mundo, a remodelar seus planos e políticas, contemplando as recomendações de especialistas para promover a sustentabilidade e minimizar a trajetória rumo a um futuro catastrófico promovido pelo avanço indubitável da crise climática.


Fonte: https://www.poder360.com.br/congresso/colapso-do-clima-ja-comecou-dizem-cientistas-na-camara/

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