A preservação ambiental e o desenvolvimento sustentável são temas cada vez mais discutidos no Brasil, especialmente no contexto da bioeconomia. O Cerrado, a savana mais biodiverificada do mundo, surge como um ponto focal desta discussão devido ao seu potencial econômico e ambiental. Segundo um capítulo de livro escrito por Mairon G. Bastos Lima, pesquisador do Stockholm Environment Institute (SEI), existem oportunidades exclusivas no Cerrado para implementar práticas de bioeconomia que podem servir como proteção contra a contínua desflorestação da região.
O Cerrado, frequentemente devastado para o cultivo de pastagens e plantações, enfrenta não apenas a perda de biodiversidade, mas também consequências sociais significativas, como o deslocamento das comunidades locais. Neste contexto, a criação de cadeias de valor focadas em sociobiodiversidade é destacada como uma solução viável. Essas cadeias de valor, que integram conhecimentos tradicionais e gestão sustentável dos recursos, podem oferecer um caminho para um desenvolvimento regional mais inclusivo.
A capacidade do Cerrado para fornecer recursos substanciais à bioeconomia não é apenas uma questão de abundância natural. As comunidades locais, que possuem um profundo entendimento e conexão cultural com a terra, são vistas como aliadas chave no desenvolvimento de uma bioeconomia sustentável. No entanto, para que as cadeias de sociobiodiversidade do Cerrado alcancem seu pleno potencial, é crucial superar barreiras práticas e continuar ampliando os esforços no setor.
Os desafios mais destacados envolvem a ampliação do acesso à tecnologia e ao financiamento, elementos essenciais para agregar valor aos produtos e melhorar o acesso ao mercado. Superar estas lacunas permitiria que a bioeconomia não só preservasse o Cerrado, mas também gerasse benefícios econômicos e sociais tangíveis para as comunidades que dependem dele. A crescente aceitação da bioeconomia como um paradigma reforça a necessidade de que o Brasil priorize essas cadeias de valor, que, além de sua importância local, podem servir de inspiração para outras regiões em desenvolvimento ao redor do mundo.
A integração das práticas de bioeconomia no Cerrado pode, portanto, transformar práticas insustentáveis e promover um futuro mais seguro e sustentado para a região. É uma oportunidade para criar um modelo de desenvolvimento que respeite a biodiversidade, ao mesmo tempo que melhora a qualidade de vida para as comunidades locais. Com a promoção destas práticas no Cerrado, é possível caminhar em direção a um modelo de desenvolvimento verdadeiramente sustentável, balanceando o crescimento econômico com a conservação dos ecossistemas.
Fonte: https://www.sei.org/publications/bioeconomy-deforestation-brazils/