Descobertas sobre hormônio no tomateiro prometem aumentar produtividade

Pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP) descobriram um novo papel das estrigolactonas no florescimento e na produção de frutos do tomateiro (Solanum lycopersicum). Até então, essas substâncias eram associadas principalmente ao desenvolvimento do vegetal e às respostas ao estresse.

As estrigolactonas são um grupo de fitormônios derivados dos carotenoides, identificados apenas a partir de 2008. Embora sua importância no desenvolvimento do tomateiro já fosse conhecida, seu papel na fase reprodutiva permanecia um mistério até agora.

No estudo, financiado pela FAPESP e publicado na revista PNAS, os cientistas utilizaram técnicas como sequenciamento de mRNA, quantificação de transcritos genéticos por qRT-PCR e espectrometria de massa. Foram analisados dois grupos de plantas: um modificado geneticamente para comprometer a produção de estrigolactona, e outro tratado com uma versão sintética do fitormônio.

Os resultados foram reveladores. Plantas com deficiência de estrigolactona apresentaram um maior tempo de florescimento, enquanto aquelas tratadas com o fitormônio sintético floresceram mais facilmente, produzindo mais frutos. Isso demonstra que as estrigolactonas controlam de forma significativa o florescimento ao regularem a via do microRNA319 e os níveis de giberelinas, substâncias envolvidas na germinação de sementes.

Fabio Tebaldi Silveira Nogueira, coordenador do estudo e pesquisador da Esalq-USP, detalha que a presença de estrigolactona aumenta a quantidade de microRNA319 e reduz os níveis de giberelina, facilitando o florescimento e a produção de frutos.

Essas descobertas têm grande potencial para impactar o manejo da produtividade do tomateiro. “Podemos utilizar um novo fitormônio para controlar o tempo de florescimento, o que pode aumentar significativamente a produção de frutos”, explica Nogueira.

Os próximos passos incluem investigar se outras vias de microRNAs e diferentes hormônios também influenciam a quantidade e o tamanho dos frutos. Além disso, os pesquisadores pretendem testar os efeitos da estrigolactona em outras plantas de importância agronômica, como soja e milho.

O estudo contou com a colaboração de cientistas do laboratório Disafa PlantStressLab da Universidade de Turim, do StrigoLab e do Laboratório de Reguladores de Crescimento da Universidade Palacký, da República Tcheca. O artigo completo pode ser acessado em: Strigolactones promote flowering by inducing the miR319-LA-SFT module in tomato.

Fonte: Novas descobertas sobre hormônio presente no tomateiro podem aumentar a produtividade. https://agencia.fapesp.br/novas-descobertas-sobre-hormonio-presente-no-tomateiro-podem-aumentar-a-produtividade-da-planta/52174

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