Na última semana de setembro, a Amazon Week trouxe à tona discussões cruciais sobre a bioeconomia e a preservação da Floresta Amazônica em Berlim, um dos principais centros de pensamento ambiental da Europa. Representantes do Pará marcaram uma sólida presença no evento, destacando a importância da inovação e cooperação internacional para o futuro da maior floresta tropical do mundo.
O encontro, realizado em três cidades europeias, propôs reflexões sobre o valor da natureza. Com a questão “Qual é o valor da natureza?”, especialistas foram desafiados a pensar além dos conceitos tradicionais de desenvolvimento econômico, integrando aspectos ecológicos e sociais à economia global.
O evento de Berlim, ocorrido em 24 de setembro, contou com três painéis principais. No primeiro, “Bioeconomia e Inovação: Aspectos Técnicos, Econômicos e Barreiras de Mercado”, lideranças do Pará como o professor Danilo Fernandes da UFPA, Ima Vieira e Paulo Reis apresentaram avanços e desafios para impulsionar uma economia baseada em bio-recursos. As discussões destacaram os potenciais e as limitações que esse modelo econômico enfrenta em escala global.
A seguir, no painel “Sistemas de Inovação para Bioeconomia: O Papel do Conhecimento Científico Tradicional”, coordenado pelo professor Danilo Reis, foram expostos detalhes sobre como tecnologias emergentes e conhecimentos tradicionais podem interagir para promover o desenvolvimento sustentável na Amazônia. Além das discussões tecnológicas, o foco esteve sobre a valorização de comunidades locais, garantindo que essas atuem como guardiãs do ecossistema e participantes ativas do processo.
No terceiro painel, Marcel Botelho, diretor-presidente da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa), liderou as discussões sobre “Cooperação Internacional e Fortalecimento da Pesquisa na Amazônia”. A partir de perguntas estruturadas, abordou-se como superar desafios na pesquisa amazônica por meio de parcerias internacionais e como integrar as infraestruturas locais às necessidades das comunidades indígenas e tradicionais, aumentando o impacto das pesquisas na região.
A interação com o público foi profunda, com debates sobre temas emergentes como ciência ambiental, doenças tropicais, sustentabilidade e logística. Este diálogo estimulou a projeção de uma transição para um modelo de desenvolvimento que coloca o amazônida e a natureza amazônica no centro das políticas públicas.
Um destaque do evento foi a apresentação de Jorge Viana, presidente da ApexBrasil, que revelou novas estatísticas sobre a bioeconomia da Amazônia. Embora comparações internacionais evidenciem um potencial inexplorado, o evento destacou a necessidade de implementar políticas que maximizem o retorno econômico, favorecendo a proteção ecológica.
Marcel Botelho reiterou o compromisso do estado do Pará, mencionando a liderança do governador Helder Barbalho no estabelecimento do Plano de Biodiversidade do Pará (Planbio), e incentivou a busca por novos parceiros internacionais – esforços que já se solidificaram com países como Reino Unido, França e Japão.
Ao final, a Amazon Week reforçou a importância da bioeconomia como uma solução viável para desafios ambientais e socioeconômicos, celebrando a Amazônia não como um simples recurso a ser explorado, mas como um ativo vital cujo valor transcende fronteiras e merece constante proteção e estudo.