Ao evidenciar a imperatividade da justiça social na pauta climática, pesquisadores reunidos na COP28 em Dubai, realçaram a importância da inclusão das comunidades locais nas estratégias voltadas para a Amazônia. As deliberacões sobre esta região, crítica tanto para a biodiversidade quanto para a questão climática global, ganharam contornos de urgência ao considerar as realidades socioculturais e econômicas dos habitantes da maior floresta tropical do mundo.
Com uma área que se estende por mais de 5 milhões de km2 e atravessa nove países, sendo 60% em território brasileiro, a Amazônia engloba uma complexidade regional imensa. Durante o Painel Amazônia e Justiça Climática, especialistas em direito e meio ambiente como Talden Farias e Patrícia Iglecias enfatizaram os desafios para responder a essa complexidade e os riscos de se permanecer numa abordagem ambiental desconsiderando a dimensão humana desses territórios.
Farias criticou a abordagem insuficiente dos impactos climáticos sobre a flora, fauna e demais elementos ambientais nas políticas brasileiras. As emissões de gases causadoras do efeito estufa e a transição energética surgiram como pontos críticos nessa discussão, assim como a lacuna na política ambiental no tocante à ausência de padrões climáticos. A necessidade de contemplar o desenvolvimento sustentável como parte do modelo econômico foi reforçada pela superintendente de Gestão Ambiental da USP, Patrícia Iglecias, ao destacar a bioeconomia com seu potencial de resposta por uma porção significativa do PIB de e contribuir com milhões de empregos.
Rodrigo Jorge Moraes chamou atenção para as cifras alarmantes que denotam as emissões de gases de efeito estufa provenientes do desmatamento e das práticas agrícolas ineficientes. Mencionou ainda que, frente ao potencial do mercado de carbono e o valor associado ao mesmo, a conservação da Amazônia surge como uma janela de oportunidade tanto para o meio ambiente quanto para a economia do País.
A desembargadora Consuelo Yoshida e o acadêmico Gabriel Wedy discutiram a materialização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e a promoção da educação climática como direitos fundamentais. Enquanto isso, Renata Franco foi vocal quanto à necessidade de conciliar políticas regulatórias com incentivos para a conservação da floresta, mencionando a importância da regularização fundiária para a efetividade nos pagamentos por serviços ambientais.
Aspectos como a desigualdade socioambiental e as políticas climáticas exacerbando disparidades, comentados pelo secretário adjunto de Meio Ambiente do Pará, Rodolpho Zahluth Bastos, foram ressaltados como áreas que necessitam de reflexão e estratégias assertivas.
Por fim, ressoou entre os participantes a conclusão de que é essencial fortalecer as bases científicas e unir academia, setor público e privado na busca de soluções eficazes para os desafios ambientais, com foco nas realidades locais e globais da Amazônia, especialmente diante do valor para além do mercado de carbono, mas também para a conservação da biodiversidade.