Combustível Sustentável para Aviação e a neutralidade nas emissões

Na busca incansável por soluções que possam garantir um futuro mais limpo e sustentável para as próximas gerações, a aviação assume um papel crítico. Com um objetivo audacioso de atingir a neutralidade de carbono até 2050, a indústria da aviação vê no Combustível de Aviação Sustentável (SAF) uma peça chave nesse objetivo estratégico. Afinal, as considerações em torno dos combustíveis alternativos perpassam não apenas pela viabilidade técnica e econômica, mas também pelo alinhamento com políticas públicas e regulamentações que incentivem sua produção e uso.

O SAF se distingue por ser produzido a partir de fontes renováveis ou resíduos, como óleos vegetais, resíduos agrícolas ou gases residuais, e o mais importante, ele se encaixa perfeitamente na infraestrutura de abastecimento e nos motores de aeronaves existentes, sem a necessidade de modificações. Por ser um “drop-in fuel”, o SAF pode ser misturado em várias proporções com o combustível de aviação convencional.

“Garante a transição para o net-zero emissões na aviação” – essa é a promessa do SAF. O papel do SAF é tão vital na redução dos gases de efeito estufa (GEE) que já existem propostas preliminares sugerindo a implementação de um mandato baseado em metas definidas para a redução das emissões de GEE na aviação, considerando ainda aspectos como critérios de sustentabilidade e elegibilidade.

Em termos de regulamentação, critérios bem definidos como aqueles propostos pela ASTM para combustíveis alternativos de aviação são fundamentais para garantir que os combustíveis não só cumpram com as especificações técnicas necessárias, mas também atendam padrões de sustentabilidade criteriosos. Além disso, instrumentos como o CORSIA da ICAO são essenciais para garantir um padrão internacional e o cumprimento de metas de emissões de CO2 no setor aéreo.

Mas como isso se traduz em números? Analisando o perfil histórico e projeções de emissões na aviação, percebemos que existe um valor referencial de 89 gCO2eq/MJ para a redução das emissões por meio da adoção de SAF, uma meta que é discutida tanto no contexto internacional quanto nos âmbitos mais locais, como por exemplo nas propostas do UK Jet-Zero Council.

A transição para uma economia de baixo carbono no setor de aviação envolve várias etapas, desde a produção até o uso final do combustível. É por isso que a estruturação de uma cadeia de custos e rendimentos eficiente é tão crucial. Equilibrar os aspectos ambientais com os financeiros, garantir a viabilidade do SAF e sua penetração no mercado requer uma abordagem sistemática e integrada.

Para que o processo avance, a utilização do SAF deve ser incentivada não só por meio de regulamentações, mas também por políticas como o RenovaBio no Brasil, que foca nas reduções das emissões de GEE na aviação. As propostas preliminares apontam para a adoção de metas realistas e conservadoras para a redução de emissões, começando nos locais com maior demanda por SAF e facilidades logísticas.

E não podemos negligenciar a importância de um sistema robusto de medições e certificações, que garantam a qualidade do combustível e a integridade das reduções de emissões reportadas. Isso inclui a participação de laboratórios, universidades e outros entes certificadores em um esforço unificado para validar tanto a qualidade do SAF quanto as efetivas reduções de GEE alcançadas.

A construção de um futuro onde a aviação desempenha um papel fundamental na mitigação das mudanças climáticas está em pleno curso. A capacidade de aliar a demanda por um setor aéreo em crescimento com a adoção de medidas tecnológicas e políticas progressistas está conduzindo o diálogo para metas cada vez mais ambiciosas. Com a expectativa de construir um forte segmento da indústria de SAF no país, o compromisso com soluções sustentáveis é mais do que uma meta – é uma jornada que estamos percorrendo juntos.

Fonte: Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás


https://www.gov.br/mme/pt-br/assuntos/secretarias/petroleo-gas-natural-e-biocombustiveis/combustivel-do-futuro/subcomites-1/probioqav/participacao-social/ibp.pdf

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