Cinco equipes de pesquisadores de todo o país vão receber até 47,3 milhões de dólares para desenvolver tecnologias que transformam materiais naturais em energia, ração animal e outros produtos essenciais. Essas iniciativas farão parte do Instituto Virtual sobre Matérias-Primas do Futuro (VIFF), uma parceria entre Schmidt Sciences e a Fundação para Pesquisa em Alimentos e Agricultura (FFAR).
O VIFF visa aprimorar a colaboração entre disciplinas científicas e tecnológicas com o objetivo final de transformar biomassa em produtos essenciais em uma economia circular, livre de combustíveis fósseis. Subprodutos da indústria, agricultura, silvicultura e das cidades são abundantes e podem ser aproveitados como materiais iniciais para produtos em uma bioeconomia mais sustentável. A substituição de matérias-primas baseadas em petróleo tem o potencial de aumentar a sustentabilidade ambiental da manufatura, fornecimento local, gerar novas receitas para agricultores, pecuaristas e municípios, além de apoiar a resiliência da cadeia de suprimentos.
“O carbono está ao nosso redor, seja como subproduto de uma colheita de pomares ou resíduos sólidos das cidades, mas atualmente é muito caro para extrair e usar,” comentou a Dra. Genevieve Croft, cientista do programa Schmidt Sciences que dirige o VIFF. **Transformar o carbono disponível em carbono utilizável é um desafio crucial**, o VIFF visa acelerar o desenvolvimento científico necessário por meio da colaboração interdisciplinar. “As matérias-primas, provenientes de resíduos agrícolas e florestais, têm potencial para se tornarem produtos úteis, embora o processo para chegar lá possa ser logisticamente e financeiramente desafiador,” explicou o Dr. John Reich, diretor do programa científico da FFAR. “O VIFF está focado em impulsionar a colaboração para catalisar soluções inovadoras.”
Os cinco projetos que formarão o novo instituto virtual e receberão financiamento ao longo de cinco anos são:
- **BioCircular Valley**: Liderado por Blake Simmons do Laboratório Nacional Lawrence Berkeley, e Corinne Scown, do Instituto de Biociências Energéticas da Universidade da Califórnia, Berkeley. O objetivo é trazer sustentabilidade econômica ao norte do Vale de San Joaquin, uma das regiões agrícolas mais importantes do país. A equipe pretende gerar dados públicos para mapear a biomassa subutilizada, catalogar tecnologias de conversão que podem transformar essa biomassa em produtos e quantificar a produção desses processos.
- **Wet Agricultural Value Enhanced Separations**: Liderado por Luke Williams, do Laboratório Nacional de Idaho, e Owen McDougal, do Centro de Inovação em Alimentos e Laticínios da Universidade Estadual de Boise, com financiamento do Instituto Memorial Battelle. A equipe utiliza técnicas avançadas de separação de materiais e secagem, caracterização de produtos e formulação de matérias-primas para converter resíduos da produção e processamento de alimentos em energia limpa e água.
- **Dairy Industry Waste Valorization**: Liderado por Gregory Stephanopoulos, do Departamento de Engenharia Química do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, e Anand Sundaresan, da Green Plains, Inc. O projeto visa transformar resíduos da indústria de laticínios em alimentos e rações valiosos usando processos biotecnológicos sustentáveis.
- **Sargassum Biorefinery**: Liderado por Jose Avalos, da Universidade Princeton; Shishir Chundawat, da Universidade Rutgers; e Loretta Roberson, do Laboratório Biológico Marinho. A equipe busca converter a alga Sargassum em combustível, ração animal e outros produtos úteis, utilizando um processo de refinaria neutro ou negativo em carbono.
- **Center for Mineral and Oxide Removal from Biomass (CMORE)**: Liderado por George Huber e Styliani Avraamidou, da Engenharia Química e Biológica da Universidade de Wisconsin-Madison. Este projeto visa transformar resíduos sólidos municipais e biomassa contaminada em pelotas livres de óxidos minerais e metálicos, que podem ser usadas para produzir combustível com baixo teor de carbono, produtos químicos e outros.