Carros elétricos ainda consomem mais água que a gasolina, mas há luz no fim do túnel

Estudos recentes indicam que, atualmente, carros elétricos usam mais água do que carros a gasolina. Essa conclusão surge de um estudo que comparou o uso de água ao longo da vida útil de dois modelos Ford Focus, um movido a combustão e o outro, elétrico, na China e nos Estados Unidos.

O estudo revelou que um Ford Focus a gasolina utilizou aproximadamente 137 metros cúbicos de água durante a sua vida útil. Em contrapartida, o modelo elétrico usou cerca de 262 metros cúbicos na China e 170 metros cúbicos nos EUA, ainda assim, um valor significativamente maior que o do modelo a combustão. A maior parte desse consumo de água, aproximadamente 82%, é atribuída à geração de eletricidade para o modelo elétrico.

Um dos principais fatores que impactam o uso de água na geração de eletricidade é a fonte de energia utilizada. Plantas de energia térmica, como as movidas a carvão e nuclear, demandam grandes quantidades de água para resfriamento. Já fontes renováveis, como a energia solar e eólica, usam consideravelmente menos água. Dessa forma, um veículo movido a eletricidade gerada por essas fontes consome menos água comparado aos que dependem de energia de combustíveis fósseis.

Apesar disso, desafios locais permanecem. A mineração de minerais críticos necessários para a produção de baterias, como o lítio, pode exercer pressão sobre os recursos hídricos em regiões específicas. Por exemplo, mais da metade do lítio mundial é extraído em áreas com alto ou extremamente alto estresse hídrico, como a região do “triângulo do lítio” na América do Sul, que abrange Chile, Argentina e Bolívia.

Para mitigar esses problemas, a redução da demanda por lítio é uma solução crucial. Isso pode ser alcançado através do investimento em transporte público, promoção de modos de transporte alternativos, como andar a pé e de bicicleta, e incentivo ao reciclagem de baterias. Tecnologias emergentes que utilizam menos ou nenhum lítio, como as baterias de sódio-íon, também podem contribuir para a redução da pressão sobre os recursos hídricos.

Além disso, melhorias na gestão da água nas regiões de mineração são essenciais. No Chile, esforços para reduzir a proporção de água usada pela mineração são promissores, com metas de uso de menos de 10% da água disponível até 2025 e menos de 5% até 2040. Outras soluções incluem a dessalinização e o desenvolvimento de tecnologias de extração direta de lítio sem evaporação de grandes volumes de água.

Conclui-se que a transição para carros elétricos precisa ser acompanhada por mudanças na matriz energética e melhorias na gestão e uso dos recursos hídricos nas regiões de extração de minerais. Só assim será possível maximizar os benefícios ambientais dos veículos elétricos enquanto se minimiza o impacto sobre os recursos hídricos locais.

Fonte: Do electric vehicles use more water than petrol?

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