As abelhas ‘sem-ferrão’ como agentes de biodiversidade e sustentabilidade nos biomas brasileiros

Em um cenário onde a biodiversidade brasileira encontra-se sob holofotes científicos e econômicos, as abelhas “sem-ferrão” despertam especial atenção por seu papel essencial no funcionamento dos ecossistemas e seu elevado potencial econômico. Essas abelhas, parte integrante da fauna dos biomas nacionais, têm sua diversidade e importância analisadas em profundidade no recente artigo da revista Ciência & Cultura, que se debruça sobre os Biomas do Brasil.

O artigo destaca que, das mais de 2.500 espécies de abelhas estimadas no Brasil, somente uma fração é reconhecida pela sociedade, como a abelha africanizada, famosa pela produção de mel. Em contraste, as abelhas “sem-ferrão”, ou meliponíneos, representam o grupo social mais diverso, somando mais de 250 espécies. Estes insetos não apenas contribuem para a polinização da flora, mas também possuem grande relevância para os povos nativos, e agora, são vistos como agentes potenciais de conservação ambiental e oportunidades de desenvolvimento sustentável.

A Amazônia, como maior bioma brasileiro, alberga a maior parte dessa diversidade, com cerca de 200 espécies, mais de 100 das quais são exclusivas da região. A íntima relação dessas abelhas com os povos originais é simbolizada por espécies nativas como a uruçu boca-de-renda. O Cerrado, apesar de abrigar uma biodiversidade significativa de abelhas “sem-ferrão”, enfrenta ameaças devido à expansão agrícola, que impõe riscos a espécies como a uruçu amarela.

Na Caatinga, nota-se a presença marcante da jandaíra. A Mata Atlântica, mesmo com seu histórico de desmatamento, sustenta espécies únicas, porém algumas em risco de extinção, como a guaraipo e a uruçu nordestina. O Pantanal apresenta menores registros desses insetos, mas ainda assim há ocorrências, como a Plebeia catamarcensis. O Pampa, bioma de características subtropicais, ostenta uma menor riqueza de espécies.

Determinar a distribuição das abelhas “sem-ferrão” se prova um desafio, especialmente quando algumas espécies, como a jataí e a arapuá, transpõem os limites dos biomas, influenciadas por fatores climáticos e geográficos. O texto sublinha a urgência na preservação dos biomas como meio de manter a diversidade dessas abelhas e realça o imperativo de pesquisas continuadas para decifrar as complexidades de sua interação com o ambiente.

Como reconhecimento a essa necessária sinergia entre ciência e conservação, os autores do artigo propõem a meliponicultura como uma atividade potencialmente conservacionista das espécies nativas, alinhada à noção de sustentabilidade e bioeconomia. As abelhas ‘sem-ferrão’, com sua relevância ecológica e socioeconômica intrínseca, emergem como símbolos vivos da riqueza natural do Brasil e da indispensabilidade de seu cuidado.


Fonte: http://www.jornaldaciencia.org.br/as-abelhas-sem-ferrao-dos-biomas-brasileiros/

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