Biotecnologia médica em países em desenvolvimento: entre a promessa e os desafios

A bioeconomia global experimenta um momento de expansão significativa graças à biotecnologia médica. Com foco no aprimoramento dos sistemas de saúde e na busca por tratamentos inovadores para doenças outrora incuráveis, esta modalidade tem propiciado um campo fértil tanto para avanços científicos quanto para crescimento econômico. Neste contexto, Jiawen Chen trouxe à tona em sua pesquisa ‘The Advancement of Medical Biotechnology in Developing Countries: Economic Opportunities and Challenges’ um lúcido retrato dos desafios e oportunidades que a biotecnologia médica representa para países em desenvolvimento.

Em seu estudo, Chen destaca as tecnologias médicas em voga, como o CRISPR, a Tecnologia do DNA Recombinante, e a Pesquisa em Células-Tronco, pontuando os prospectos de mercado e o potencial revolucionário destes avanços no campo da saúde. É inegável o impacto econômico projetado destas tecnologias, como exemplificado pelo crescimento esperado da indústria de DNA recombinante, saindo de um valor de mercado de USD 730.51 bilhões em 2022 para USD 1202.46 bilhões até 2032.

A realidade, porém, impõe obstáculos econômicos à adoção destas tecnologias em nações em desenvolvimento. Problemas com investimento e infraestrutura tornam a tarefa de absorver os frutos da biotecnologia médica complexa. A pesquisa ressalta a importância das lideranças na área da saúde na condução de esforços para redução de custos e na integração efetiva da biotecnologia ao tecido sócio-econômico desses países.

Exemplos de sucesso em pesquisa e inovação como a vacina AstraZeneca para a COVID-19 ilustram como a biotecnologia médica pode rapidamente transformar sociedades. Ademais, observa-se a ascensão da medicina personalizada, apontando para um mercado global estimado acima de 500 bilhões de dólares em 2022 e um crescimento que promete acelerar ainda mais. Tão estimulante quanto o avanço científico é o desenvolvimento econômico que tais tecnologias podem impulsionar.

O artigo enfatiza os benefícios das parcerias público-privadas (PPP) como uma estratégia para superar desafios financeiros no desenvolvimento e implementação de biotecnologias médicas. Essas parcerias podem fomentar a pesquisa, inovação e trazer ganhos econômicos tangíveis. Entretanto, permanece o desafio de equilibrar crescimento econômico e ética no acesso às tecnologias, garantindo que grupos vulneráveis não sejam excluídos dos benefícios da biotecnologia médica.

O trabalho apresentado por Chen também propõe a combinação da saúde baseada em valor e da teoria monetária moderna como soluções potenciais para desafios financeiros, especialmente no contexto de déficits governamentais. Este modelo híbrido poderia facilitar o investimento em biotecnologia médica, promovendo eficiência e sustentabilidade financeira para países em desenvolvimento.

Conclui-se que, apesar dos obstáculos, a adoção de biotecnologia médica em países em desenvolvimento representa um caminho promissor para reformas na saúde e para o crescimento econômico. Resta aos líderes setoriais implementarem políticas que se somem aos avanços biotecnológicos, construindo um futuro mais saudável e próspero para essas nações.

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