Quatro perspectivas sobre a escalabilidade da bioeconomia na Europa

A bioeconomia da Europa está repleta de inovações renováveis que têm o potencial de reduzir a dependência de combustíveis fósseis. No entanto, o desafio é escalar esses produtos para que substitutos em grandes volumes e a custos razoáveis possam pavimentar o caminho para suplantar os petroquímicos. Atualmente, ainda estamos distantes dessa realidade.

Representantes de grandes empresas, analistas de políticas, cientistas naturais e pesquisadores da sociedade civil oferecem quatro perspectivas distintas sobre as estratégias para ampliar a bioeconomia na União Europeia (UE). A empresa norte-americana Cargill, cujas operações recentemente expandiram para materiais e químicos biobaseados, indicou que o crescimento de biorrefinarias é essencial. Isso exigiria políticas da UE que minimizem os riscos do setor, fomentando investimentos privados.

Um desafio crítico é a falta de incentivos para investimento em plantas-piloto, cruciais para demonstrar a viabilidade econômica de novas ideias. Um contraste marcante é a ausência de financiamento público da UE para a transição laboratório-demo, que é citada como o ‘vale da morte’ para inovações em bioeconomia. A área privada reluta em suprir a carência de fundos nesse segmento, um ponto atribuído à aversão ao risco por parte dos fundos de capital de risco europeus.

Analistas de políticas apontam para a necessidade de mais coerência e certeza legal. Uma pesquisa relevante realizado pela University of Birmingham revelou a ausência de mecanismos específicos de financiamento e programas de capacitação para empresas de pequeno e médio porte. Regulamentações deficientes também foram mencionadas, como a falta de diretivas claras sobre o uso geral da biomassa e a necessidade de uma maior padronização no mercado de bens biobaseados, possivelmente através de um sistema de rotulagem que comunique impactos de circularidade e sustentabilidade.

Do ponto de vista científico, ainda existem questões fundamentais que precisam ser resolvidas, como o desenvolvimento de biorrefinarias capazes de processar diversos tipos de biomassas. O professor Kevin O’Connor, membro do comitê científico do Circular Bio-based Europe Joint Undertaking (CBE JU), defende que a fermentação de precisão é uma área promissora capaz de transformar resíduos de baixo valor em produtos biobaseados de alto valor – um avanço tecnológico ainda necessário para impulsionar a economia baseada em resíduos.

Grupos da sociedade civil e alguns pesquisadores acreditam que ainda não há um debate amplo sobre os objetivos desejados para a bioeconomia. Defendem que políticas e pesquisas precisam ser guiadas por uma visão democraticamente responsável, considerando diferentes interesses. Isso possibilitaria a implementação de uma bioeconomia verdadeiramente sustentável e escalável, na qual as estratégias econômicas e tecnológicas se alinhem aos princípios sustentáveis compartilhados pela sociedade.


Fonte: https://worldbiomarketinsights.com/four-perspectives-on-how-europe-can-scale-its-bioeconomy/

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