A bioeconomia junto à inovação social surgem como duas forças poderosas no cenário da Indústria 4.0, moldando uma nova era onde a interação interdisciplinar das ciências se faz crucial na criação e adoção de tecnologias sustentáveis. Um estudo qualitativo, com uma revisão descritiva-exploratória da literatura acadêmica, focou na América Latina e no Caribe a partir de 2010 e revelou uma articulação ainda incipiente entre a bioeconomia e a inovação social, embora reconheça a importância de ambas no panorama da quarta revolução industrial.
O conceito de bioeconomia, originário do início do século XX e redefinido no contexto das crescentes interações científicas, sugere uma integração dos conhecimentos para melhor aproveitar os recursos biológicos, enquanto a inovação social é vista como o paradigma emergente necessário para atender às demandas das comunidades afetadas por problemas específicos. Ambos são conduzidos pelos pilares da sustentabilidade, ética, políticas públicas e contínuas medições e pesquisas.
A literatura escassa em articulação explícita entre esses dois campos sugere um vasto território a ser explorado em pesquisas futuras. Além disso, desafios são identificados: a implementação adequada da bioeconomia é uma tarefa complexa, limitada por fatores não técnicos e dependente de investimentos em tecnologia e análises de dados. A necessidade de desenvolvimento de pesquisa aumenta as oportunidades de inovação, sendo crucial para o avanço da bioeconomia e para o cumprimento da Indústria 4.0.
A escassez de talento humano qualificado representa outro desafio significativo, exigindo uma forte ligação com a academia e uma ênfase na formação de profissionais capacitados para gerir recursos e inovações de forma eficaz. Por último, a atenção ao território é vital para especializar cada localidade de acordo com suas vantagens competitivas e diversidades culturais.
A bioeconomia é, portanto, reconhecida não somente como uma estratégia de valorização territorial mas também como um catalisador para mudanças estruturais a partir de uma perspectiva de sustentabilidade. As interações entre cadeias produtivas e outros setores são vistas como uma oportunidade para otimizar os recursos biológicos e desencadear processos comerciais mais dinâmicos. Contudo, a bioeconomia e a inovação social ainda são áreas pouco abordadas nas políticas públicas da América Latina e do Caribe.
Entende-se que os conceitos de bioeconomia e inovação social precisam ser mais desenvolvidos e implementados de maneira prática e eficaz para responder às demandas atuais. A inclusão social e a cocriação de soluções surgem, então, como respostas inovadoras ancoradas nestes paradigmas emergentes. Esse é o desafio e a oportunidade que se estende para os profissionais e políticas futuras na construção de uma economia global mais sustentável e inclusiva.
Este panorama emergente salienta a importância da intersecção da bioeconomia com a inovação social e sugere um futuro onde esses conceitos não só coexistirão, mas serão os pilares para um desenvolvimento equilibrado e consciente.
Fonte: VELÁSQUEZ, Melbin; VELÁSQUEZ, Lida. Bioeconomía e innovación social: desafíos en la industria 4.0 [Bioeconomy and Social Innovation: Challenges in Industry 4.0]. Revista de ciencias de la gestión, N° 8, 2023, pp. 1-25, ISSN 2415-5861. https://doi.org/10.18800/360gestion.202308.008
https://revistas.pucp.edu.pe/index.php/360gestion/article/download/27222/25487/