O Produto Interno Bruto (PIB) da bioeconomia no Brasil apresentou um modesto crescimento de 1,03% em 2023, alcançando R$ 2,7 trilhões, o que representa 25,3% do PIB nacional. Este resultado marca uma recuperação parcial após a retração de 2,3% experimentada em 2022, conforme revela o Observatório de Conhecimento e Inovação em Bioeconomia da Fundação Getulio Vargas (FGV).
A análise setorial deste crescimento mostra que a bioindústria permanece como a atividade com maior peso na bioeconomia, representando cerca de 46% do PIB-Bio, ou R$ 1,8 trilhão. No entanto, presenciou um leve declínio de 1,3% em relação ao ano anterior. Por outro lado, a bioeconomia primária, que abrange setores como agropecuária, extrativismo vegetal, pesca e aquicultura, contribuiu significativamente para o desempenho positivo ao crescer 5,9%, atingindo R$ 1,1 trilhão e aumentando sua participação para 41% do PIB-Bio.
O campo da bioenergia, no entanto, passou por desafios maiores. Embora a bioeletricidade tenha apresentado leve crescimento de 0,3%, a cadeia de biocombustíveis sofreu uma contração de 17%, resultando em uma queda geral de 15,1% na bioenergia, reduzindo sua participação para 5% no agregado macrobioeconômico.
Ao observar a trajetória dos últimos anos, desde 2010, o PIB-Bio acumulou um crescimento real de 13,8%, equivalente a uma taxa média anual de 0,81%. A bioeconomia primária desponta como a grande impulsionadora desse crescimento, com um aumento real acumulado de 47% no período, refletindo um movimento crescente de participação de 32% em 2010 para 41% em 2023 dentro do PIB-Bio.
Cícero Lima, pesquisador do Observatório de Bioeconomia da FGV, destaca que, embora a bioeconomia esteja ganhando terreno na economia brasileira, as cadeias da bioindústria e da indústria com viés biológico enfrentam uma resistência maior ao crescimento dado sua maior dependência do mercado interno.
O estudo da FGV também endereça a urgência de incorporar critérios de sustentabilidade na valoração da bioeconomia, que actualmente não são considerados. Existem esforços em mensurar e sistematizar métricas de sustentabilidade, essenciais para qualificar as atividades que compõem a bioeconomia. A inclusão destes critérios poderá destacar o papel crucial da conservação do capital natural e da biodiversidade, especialmente relevante para o Brasil.
O avanço na padronização dessas métricas de sustentabilidade poderá transformar a forma como os bens e serviços da bioeconomia são valorizados, potencializando o crescimento deste setor e garantindo um impacto positivo sustentável a longo prazo. Com a necessidade crescente por práticas ambientalmente responsáveis, a bioeconomia se posiciona como um elemento vital não apenas para o crescimento econômico, mas também para a promoção de práticas sustentáveis integradas ao desenvolvimento nacional.