A aridez avança no solo brasileiro, trazendo um alerta de que a desertificação não é um fenômeno distante, mas uma realidade que cresce sobretudo na região da Caatinga. Neste bioma, único do Brasil, a retirada da coberta vegetal provocada por ações como desmatamento resulta na exposição à erosão, com impactos diretos na biodiversidade e no clima local.
Estudos recentes adicionam mais uma camada de preocupação ao identificar, pela primeira vez, áreas com Índice de Aridez (IA) inferior a 0,20, configurando regiões áridas de fato. Essa mudança drástica do cenário é creditada tanto a fatores climáticos quanto antrópicos – evidenciando um manejo inadequado do solo e explorando recursos naturais sem planejamento prévio.
A ciência tem apontado caminhos por meio de pesquisas que mapeiam e avaliam a dinâmica de desertificação. Ferramentas como o sensoriamento remoto são aliadas fundamentais para o acompanhamento da fenologia da Caatinga e na identificação de áreas suscetíveis à desertificação diante das mudanças climáticas. São pesquisas que servem para moldar estratégias de gestão e conservação.
As políticas públicas têm se mostrado cruciais ao conceber iniciativas como o PAN-Brasil e a PNCD, buscando não só combater a desertificação, mas também fomentar o desenvolvimento sustentável e a resilência da região do semiárido à seca. Há um esforço concentrado em medidas preventivas e de recuperação de áreas degradadas, abrangendo a criação de sistemas de captação de água da chuva, parques e jardins botânicos, e bancos de sementes para a conservação das espécies adaptadas ao clima local.
Outro ponto ressalta o potencial da bioeconomia como uma abordagem eficiente para lidar com os desafios impostos pela desertificação. A bioeconomia propõe soluções que aliam desenvolvimento econômico e sustentabilidade, um caminho promissor para o aproveitamento responsável dos recursos biológicos, contribuindo de forma significativa para o suprimento das necessidades sociais e a preservação do meio ambiente.
Destaca-se, ainda, a importância da integração entre diferentes políticas públicas e setores, reconhecendo a complexidade das interações entre solo, água, fauna e flora, e a necessidade de governança capacitada, que inclua tanto órgãos governamentais quanto não governamentais na busca por mitigar e adaptar-se à realidade emergente da desertificação no Brasil.
Fonte: https://revistacienciaecultura.org.br/?artigos=desertificacao-no-brasil