Ativismo verde e agricultores se unem em protesto por políticas agrícolas mais justas na UE

Em meio a tensões e chamados para a urgente necessidade de reformas no sistema agrícola, ativistas ambientais e agricultores uniram forças em uma manifestação ocorrida em Bruxelas. Os protestos, realizados na proximidade do Parlamento Europeu, coincidiram com uma cúpula de líderes europeus na capital belga em fevereiro de 2024. O conjunto de questões sendo levantado pelos manifestantes ressalta a demanda por políticas de agricultura mais justas na União Europeia (UE).

A luta pela justiça social e por um sistema agrícola mais justo é um eco da frustração dos agricultores que lutam contra rendimentos baixos, falta de perspectivas futuras e as consequências de décadas de políticas insustentáveis. O apelo por uma revisão do acordo de livre-comércio UE-Mercosul reflete o sentimento de raiva de muitos agricultores que se veem ameaçados pela possibilidade de ter que competir com alimentos importados produzidos com pesticidas proibidos na própria UE.

A situação é agravada pela influência de partidos conservadores e de extrema-direita, bem como de lobbies agroindustriais, que tentam enfraquecer os objetivos e compromissos ambientais estabelecidos. Ao invés de atuarem como inimigos da legislação ambiental, é crucial que se reconheça a realidade das crises climática e da biodiversidade, que amplificam os desafios enfrentados pelos agricultores, desde ondas de calor até inundações e secas.

Os subsídios sob a Política Agrícola Comum (PAC) evidenciam um sistema desequilibrado, onde mais de 80% direcionam-se a apenas 20% das fazendas. Esse modelo beneficia principalmente grandes corporações agroindustriais e alimentícias, enquanto coloca os agricultores em um ciclo vicioso de aumento de gastos sem garantia de renda adequada. Usar os protestos dos agricultores para retroceder nas medidas ambientais, como aconteceu com a pausa no plano de redução do uso de pesticidas na França, foi criticado como um ato de profundo cinismo.

O clamor é por uma transformação genuína que coloque as questões reais dos agricultores – rendimentos justos, direitos dos trabalhadores e transição para sistemas alimentares locais e agroecológicos – no centro das políticas governamentais. Muitos agricultores estão prontos para a mudança, que é incompatível com a produção a preços mais baixos em um mercado globalizado e desregulamentado.

Os ativistas ambientais, ao lado de movimentos camponeses como a La Via Campesina, defendem um fim imediato nas negociações do acordo comercial UE-Mercosur e apoio público para uma transição real para modelos agrícolas mais sustentáveis, que beneficiem tanto as pessoas quanto os agricultores. Estes protestos servem como um lembrete palpável da complexidade e da urgência que envolve a reformulação das políticas agrícolas na Europa, em um momento onde a resiliência e a justiça social devem caminhar de mãos dadas com a sustentabilidade ambiental.


Fonte: https://www.euronews.com/green/2024/02/02/this-is-why-green-activists-joined-farmers-protests-for-fairer-eu-farming-policies

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