As startups de bioeconomia sueca estão se ramificando para além da silvicultura.

A bioeconomia sueca, historicamente ancorada no setor florestal, está expandindo seus horizontes para além das fronteiras tradicionais das florestas, revelando uma nova onda de startups biotecnológicas dedicadas à sustentabilidade e à decarbonização. Com florestas cobrindo mais de 70% do território país – a maior proporção dentro da União Europeia – é natural que a Suécia seja uma produtora líder mundial em produtos florestais. Contudo, em um movimento de eco-modernização, o país vem diversificando sua economia para englobar não apenas a produção tradicional de polpa, madeira e papel, mas também químicos e materiais de base florestal de alto valor agregado.

Essa evolução está sendo impulsionada pela estreita relação entre indústria e governos regional e central, colocando o setor como um pilar central na estratégia sueca de descarbonização. A “relíquia verde” sueca é vista como um substituto potencial para plásticos derivados de petróleo, petroquímicos e minerais extraídos, com aplicabilidades que vão desde a indústria farmacêutica e cuidados pessoais até a construção civil. Entre as startups mais inovadoras, a Cellfion se destaca ao transformar a tradicional matéria prima florestal em membranas nanofibríceis de celulose, um biopolímero à base de madeira, postulando aplicações até mesmo no armazenamento de energia renovável.

No entanto, a dominância da indústria florestal nos setores de base biológica tem gerado controvérsias. Críticas apontam para uma possível exploração excessiva dos recursos naturais e uma negligência em relação à conservação da vida selvagem. Cientistas, ativistas e ONGs argumentam que a intensificação da silvicultura, mesmo sob a bandeira da decarbonização, poderia ser desastrosa para a biodiversidade sueca, identificando o setor como um dos principais obstáculos à regulamentações que equilibrem lucro e preservação.

Enquanto isso, outras startups biotecnológicas estão emergindo, com iniciativas como a da Jord, uma empresa de créditos de carbono que utiliza a capacidade natural dos vegetais na captura de carbono atmosférico para fornecer soluções sustentáveis na agricultura. A Jord desenvolveu um método ainda em verificação para transformar biomassa rica em carbono em “bio-óleo”, que é então armazenado em reservatórios geológicos. Além disso, seu projeto em Senegal utiliza biochar e uma grama de crescimento rápido para a regeneração do solo, contribuindo para a preservação da biodiversidade local.

Complementando esse ecossistema estão empresas como a Absorb Earth e Mounid, com soluções baseadas em algas como eficientes captadores de carbono, e a MycoMine, que utiliza processos microbianos para o tratamento de poluentes ambientais. Esses exemplos sublinham a capacidade inovadora da Suécia em transformar recursos biológicos de menor escala em tecnologias que reduzem as emissões.

Em meio a um debate científico contínuo, pesquisas sugerem que a colheita de madeira pode reduzir as emissões gerais de gases de efeito estufa ao substituir plásticos e minerais, embora isso possa ocorrer às custas da biodiversidade florestal. Uma publicação na Nature aponta que objetivos altos para colheita de madeira com o intuito de mitigar as mudanças climáticas entram em conflito com metas de multifuncionalidade e biodiversidade. Esses são sinais de que os objetivos ambientais – mudança climática versus conservação de ecossistemas – podem estar em conflito.

Essa transição para uma bioeconomia mais diversificada e equilibrada, que não perca de vista as metas de biodiversidade enquanto procura reduzir as emissões de carbono da indústria, é uma demonstração do potencial transformador no qual a Suécia está embarcando. Este é um reflexo da visão inovadora e do compromisso com soluções sustentáveis que estão definindo a bioeconomia global em rápido crescimento.


Fonte: https://worldbiomarketinsights.com/the-swedish-bioeconomy-startups-branching-out-beyond-forestry/

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