Em um estudo global em evidência, pesquisadores da Escola de Engenharia da Universidade de Princeton apontam para o potencial transformador da amônia como combustível de carbono zero na criação de um sistema de combustível livre de carbono. Segundo a pesquisa, publicada no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), essa substância química, composta de hidrogênio e nitrogênio (NH3), poderia representar uma via conveniente para transportar e armazenar hidrogênio limpo e também ser queimada como um combustível sem carbono.
Contudo, o estudo liderado pelo Prof. Amilcare Porporato, da Thomas J. Wu ’94 Professor of Civil and Environmental Engineering and the High Meadows Environmental Institute, esclarece sobre os riscos ambientais de um uso desordenado da amônia na geração de energia. A pesquisa adverte que, sem precauções de engenharia devidas, sua utilização extensa pode desencadear riscos graves ao ciclo do nitrogênio e, por consequência, ao clima. Em particular, a amônia mal gerida poderia intensificar as emissões de óxido nitroso (N2O) – um gás de efeito estufa cerca de 300 vezes mais potente do que o CO2 – e de óxidos de nitrogênio (NOx), que contribuem para a formação de smog e chuva ácida.
O estudo ressalta que a amônia já possui uma infraestrutura estabelecida por sua utilização na agricultura, o que poderia facilitar sua introdução como meio de transporte de hidrogênio na forma de amônia, utilizando o processo de Haber-Bosch, datado do início do século 20. No entanto, destaca que a síntese da amônia é inerentemente intensiva em energia e, atualmente, depende quase inteiramente de combustíveis fósseis sem captura de CO2. Mas se processos elétricos em desenvolvimento puderem substituir a síntese convencional, a amônia podendo ser utilizada como um combustível de zero carbono.
O artigo científico também endossa a transportabilidade da amônia, destacando seu potencial particularmente atrativo para indústrias dependentes de transporte de longa distância, como o setor marítimo, e para países com espaço limitado para recursos renováveis, apontando que o Japão já vem incorporando a amônia em sua estratégia nacional de energia limpa.
Em contrapartida, o estudo reitera a necessidade de uma abordagem proativa e voltada para o futuro na condução da economia da amônia para evitar complicações ambientais. Os pesquisadores salientam que estratégias de combustão alternativas e a tecnologia de cracking de amônia podem ser soluções viáveis para mitigar emissões indesejáveis de NOx e N2O, além das já existentes em grande escala tecnologias de redução catalítica seletiva para conversão de NOx em N2, que poderiam ser facilmente adaptadas para aplicações de combustível à base de amônia.
Por fim, a equipe de pesquisa adverte sobre a importância de considerar estratégias de políticas públicas e regulação para assegurar o melhor cenário para o combustível de amônia. Eles sugerem que, ao aprender com nosso passado de emissão de carbono, temos agora a chance de solucionar desafios antes que se tornem problemas reais, encaminhando-nos para um futuro energético sustentável.
Fonte: https://www.sciencedaily.com/releases/2023/11/231113155210.htm