Pesquisadores do Brasil e dos Estados Unidos publicaram um estudo na revista Nature Sustainability, revelando que a aquicultura na Amazônia oferece uma alternativa sustentável mais promissora do que a pecuária convencional. O estudo destaca que a criação de peixes emite significativamente menos gases de efeito estufa e requer de 20 a 100 vezes menos terras para a produção de proteína animal, em comparação com a criação de gado.
O estudo analisa dados de cinco países amazônicos, destacando o Brasil como o maior produtor de peixes, especialmente no estado de Rondônia, que lidera com a produção de espécies nativas como o tambaqui. Marta Ummus, analista da Embrapa Pesca e Aquicultura, aponta o tambaqui como uma espécie com elevado potencial para expansão em diversas regiões e até mesmo em mercados internacionais.
A expansão sustentável da atividade é considerada viável, porém, demanda aprimoramento em licenciamento ambiental e monitoramento contínuo. Os pesquisadores alertam que práticas como o barramento de igarapés e a administração inadequada de ração continuam a afetar negativamente a biodiversidade aquática e as emissões de gases de efeito estufa. Utilizar pastagens degradadas existentes é recomendado, evitando novos desmatamentos e maximizando a produtividade.
Carolina Doria, da Universidade Federal de Rondônia, reforça que a aquicultura deve evitar os erros cometidos pela pecuária, que envolveu a abertura indiscriminada de novas áreas. A ocupação de áreas já abertas mediante práticas sustentáveis é um caminho relevante para a região amazônica.
No cenário mundial, a presença cada vez maior de espécies exóticas como a tilápia continua a gerar debates acalorados. Embora tecnicamente vantajosa, sua introdução traz riscos significativos de competição com espécies nativas. Assim, o estudo enfatiza o potencial genético do tambaqui nativo, que, além de menos prejudicial em caso de fuga, pode ser melhorado para resistir a doenças, promovendo um cultivo sustentável.
A aquicultura na Amazônia oferece uma oportunidade para segurança alimentar e melhoria da renda local, mas requer políticas abrangentes que atendam pequenos, médios e grandes produtores de forma integrada. As políticas precisam ser cautelosamente formuladas para estimular uma expansão responsável e cientificamente embasada da aquicultura.
Destaca-se a declaração de Felipe Pacheco, pesquisador da Universidade Cornell, que conclui que a atividade não só promove a segurança alimentar, mas também pode constituir-se como uma fonte de renda mais estável e sustentável. O ponto de equilíbrio entre expansão e sustentabilidade é a chave para a prosperidade futura da aquicultura na região amazônica.
Fonte: Aquicultura na Amazônia promove segurança alimentar com menos impacto do que a pecuária