Ameaça global à agricultura: estudo revela resistência a inseticidas em afídeos-azul-esverdeados

Diante da emergência de uma resistência a inseticidas entre populações de afídeos-azul-esverdeados, pesquisadores australianos alertam para uma ameaça global às colheitas. No estudo publicado na Pest Management Science, a resistência dos insetos, especificamente a Acyrthosiphon kondoi, representa um sinal de alerta para os produtores de todo o mundo e sublinha a necessidade de novas estratégias para controlar essa praga disseminada.

Evatt Chirgwin, biólogo evolucionário da Cesar Australia e autor correspondente do estudo, indica que sua motivação foi auxiliar os agricultores australianos no entendimento dos desafios emergentes no manejo de pragas. Nos campos de lentilha e alfafa, casos de falha no controle da praga através dos inseticidas convencionais foram reportados em Victoria, Sul da Austrália e Nova Gales do Sul. A pesquisa mostra que o A. kondoi, um prejudicial conhecido da agricultura nos EUA, América do Sul, Ásia, Europa, África e Austrália, causa danos diretos e indiretos, incluindo a transmissão de vírus de plantas.

A equipe de pesquisa realizou bioensaios com as populações coletadas, descobrindo resistência moderada a três grupos de inseticidas: organofosfatos, carbamatos e piretroides. O achado de populações resistentes a piretroides foi particularmente surpreendente, visto que seu uso contra A. kondoi é limitado na Austrália. Suspeita-se que a exposição ao químico seja uma consequência do seu uso mais amplo em outras culturas de leguminosas e pastagens.

Por outro lado, não foi encontrada resistência ao inseticida flupiradifurona, uma vez que este foi introduzido no mercado australiano somente em 2016 e não está registrado para uso contra A. kondoi. Consequentemente, este poderia representar uma nova opção química para o controle do A. kondoi na Austrália. Contudo, Chirgwin destaca a importância de se adotar estratégias de manejo integrado de pragas para evitar casos adicionais de resistência a inseticidas.

Para tanto, ele salienta a relevância de alternativas não químicas de controle, como o uso de inimigos naturais – por exemplo, joaninhas e vespas parasitoides – e o emprego de culturas nas quais os cultivares foram desenvolvidos com resistência ao ataque dos afídeos. Além disso, pesquisas em andamento sobre endossimbiontes baseados em bactérias representam uma frente promissora para a gestão de pragas agrícolas. Finalmente, Chirgwin ressalta esforços para mapear a resistência a inseticidas do A. kondoi e explorar as opções de biocontrole naturalmente disponíveis para esse inseto.


Fonte: https://phys.org/news/2024-01-global-threat-crops-insecticide-resistance.html

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