Alinhamento entre percepção comunitária e gestão ambiental é essencial para conservar recifes em Bali

Um estudo realizado em Bali, uma das regiões mais pressionadas pelo turismo marinho no mundo, revelou que a efetividade das ações de conservação de recifes de coral depende diretamente da percepção e engajamento das comunidades locais. A pesquisa, publicada na revista Aquatic Conservation: Marine and Freshwater Ecosystems, analisou como fatores psicológicos e sociais influenciam a conservação desses ecossistemas, fundamentais para a biodiversidade e para a economia baseada em turismo.

Os autores utilizaram técnicas como análise de importância-desempenho (Importance-Performance Analysis) e modelos de regressão logística para entender os vetores de participação comunitária. Foram examinados tópicos como acreditação nas mudanças climáticas, nível de confiança nas políticas governamentais, e experiências pessoais com a poluição marinha. A meta era verificar como esses elementos moldam a disposição das pessoas em colaborar com ações de proteção.

Entre os indicadores avaliados estavam a implementação de berçários de coral, áreas marinhas protegidas, campanhas de educação ambiental, oficinas de turismo responsável, programas voluntários de limpeza de recifes, ações de conservação com incentivos, comitês locais de conservação e encontros para engajamento de partes interessadas.

A conclusão é clara: a conservação eficaz dos corais exige mais que soluções técnicas. É preciso, segundo os pesquisadores, conciliar os desafios ecológicos com realidades sociais e econômicas locais. Ainda que ações como os berçários e as áreas protegidas sejam importantes, sua efetividade depende do grau de aceitação e participação da população costeira.

Fatores psicológicos revelaram-se especialmente importantes. Por exemplo, pessoas com experiências negativas anteriores relacionadas à poluição marinha mostraram maior tendência a se envolver voluntariamente em ações de conservação. Já a falta de confiança em iniciativas governamentais apareceu como um obstáculo significativo.

Outro ponto relevante do estudo é a importância das práticas adaptativas de gestão. Os pesquisadores recomendam que decisões sobre políticas de proteção não sejam centralizadas apenas em dados ecológicos, mas também levem em conta feedbacks comunitários. Segundo eles, essa integração cria estratégias mais resilientes diante das pressões do aquecimento global.

No contexto da bioeconomia costeira de Bali, baseada em grande parte nas atividades turísticas marítimas, as soluções precisam ser cuidadosamente desenhadas para beneficiar tanto os ecossistemas quanto as comunidades que deles dependem. Ignorar o componente social pode comprometer não só a conservação, mas também a sustentabilidade do turismo local.

Embora o estudo foque especificamente em Bali, seus resultados são relevantes para qualquer região onde o turismo impacta diretamente os ambientes marinhos. Ao incorporar perspectivas comunitárias e psicológicas nas abordagens de conservação, abre-se caminho para políticas públicas mais eficazes em escala global.

Fonte: Aquatic Conservation: Marine and Freshwater Ecosystems | Aquatic Journal | Wiley Online Library

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