Torta de Camelina sativa pode ser fonte promissora para biopolímeros de embalagens sustentáveis

A Camelina sativa, uma oleaginosa da família das Brassicaceae, emergiu como potencial fonte de filmes de biopolímero, segundo abordagem quimiométrica que investigou parâmetros de síntese como o pH, temperatura e concentração da torta em suspensão formadora de filmes. A pesquisa, recentemente publicada, destacou a utilização inovadora da torta de sementes de Camelina (CSoC) para desenvolver materiais com propriedades mecânicas e de barreira relevantes para embalagens ativas.

A análise da composição estrutural dos filmes sintetizados a partir da torta de Camelina revelou propriedades excepcionais. Os filmes apresentarem alta atividade antioxidante e propriedades antimicrobianas, particularmente eficazes contra bactérias como Staphylococcus aureus. Tais características biológicas abrem um caminho promissor para a aplicação desses materiais na embalagem de alimentos, substituindo parcialmente materiais não biodegradáveis e ampliando as possibilidades da bioeconomia.

As condições ótimas para o desenvolvimento dos filmes foram determinadas por meio de análise estatística e modelagem matemática, com destaque para o pH 10, temperatura de 100 °C e concentração da torta de 5%. Esses parâmetros resultaram em propriedades balanceadas ideais para embalagens sustentáveis. A presença de componentes lipídicos nos descartes da extração de óleo conferiu aos filmes baixos valores de permeabilidade ao vapor d’água e solubilidade, críticos para preservar a integridade dos filmes em ambientes aquosos.

Outro ponto de destaque é a transmissão de luz ultravioleta (UV), cuja baixa transmissão abaixo de 400 nm sugere aplicação dos filmes de CSoC na proteção de alimentos sensíveis à luz. O potencial antioxidante elevado associado aos compostos fenólicos e aminoácidos solúveis endêmicos na torta de Camelina também se traduziu em capacidade significativa para atuar como embalagem ativa, prevenindo a oxidação dos produtos embalados.

Do ponto de vista econômico e ecológico, a viabilidade do uso da torta de Camelina como material de base para o desenvolvimento de biopolímeros sustentáveis se destaca. Culturas de Camelina sativa são conhecidas por suas baixas exigências de água e nutrientes, permitindo cultivo em solos marginais com mínimo impacto ambiental. Ao explorar a utilização de subprodutos agroindustriais, esta abordagem não só valoriza os resíduos agrícolas como reforça a economia circular dentro do setor agrícola.

No entanto, desafios permanecem na escalabilidade da produção dos biopolímeros a partir de tostas de oleaginosas. Tais desafios incluem a padronização de técnicas de processamento e garantias de qualidade do produto final em maiores volumes. A competitividade econômica frente a materiais de embalagem disponíveis no mercado permanece uma consideração crucial, com impacto direto no potencial de mercado dessas inovações sustentáveis.

Por fim, para que essas biomateriais conquistem uma ampla aceitação, é necessário que atendam ou superem as normas de desempenho estabelecidas por órgãos reguladores. A relação custo-efetividade e o impacto no meio ambiente dessas soluções sustentáveis representam avanços significativos para setores em busca de alternativas plasticas biodegradáveis e ambientalmente corretas.


Fonte: https://www.mdpi.com/2079-6412/14/1/95

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