Tecnologia satelital impulsiona mercados de crédito de carbono florestal

A escala e eficiência do monitoramento de carbono são fundamentais para o crescimento dos mercados de carbono florestal. Embora seja indiscutível que a conservação e restauração florestal desempenhem papel crucial para atender aos objetivos do Acordo de Paris, correspondendo a cerca de 30% das medidas necessárias nesta década, o progresso tem sido limitado pela ausência de meios confiáveis e eficientes para mensurar seu impacto no carbono.

As florestas representam uma parcela significativa na solução do clima change, através da entrega de benefícios substanciais não só para a biodiversidade, mas também para comunidades locais. Este potencial, entretanto, para ser plenamente aproveitado, exige avanços significativos. Além de zerar o desmatamento líquido, seria necessário também reflorestar uma área dez vezes maior que a do estado do Texas. Isso implica a necessidade de ampliar o mercado de carbono florestal atual em pelo menos 100 vezes, canalizando bilhões de dólares para projetos de conservação e restauração das florestas na próxima década.

O financiamento dos mercados de carbono se dá, atualmente, pela compra de créditos de carbono. Cada crédito corresponde à redução de uma tonelada métrica de emissões de carbono, o qual é adquirido por empresas como compensação por uma tonelada de emissões produzidas em outra localidade. Todavia, a estimativa da redução de carbono por meio de projetos de conservação ou restauração florestal é um processo manual, caro e demorado, limitando a agilidade de implementação de novos projetos. A demanda por novos créditos de carbono florestal aumenta, mas processos manuais conduzem a constantes atrasos.

Contudo, tecnologias baseadas em observação por satélite e aprendizado de máquina surgem como soluções escaláveis e custo-efetivas que podem acelerar investimentos na natureza. Embora satélites não meçam diretamente a quantidade de carbono em florestas, eles observam atributos florestais, tais como a altura das árvores e a estrutura 3D, que estão diretamente relacionados ao carbono. Com modelos apropriados de aprendizado de máquina, interpreta-se essas observações para estimativas robustas de carbono.

A empresa Pachama está liderando esse avanço, utilizando três tipos de observação satelital – óptico-infravermelho, radar e lidar – para mapear o carbono florestal. As observações óptico-infravermelhas revelam a quantidade de material folhoso verde e clorofila, enquanto tecnologias radar e lidar oferecem informações cruciais sobre a estrutura tridimensional da floresta, possibilitando uma melhor compreensão do conteúdo real de carbono das árvores.

Com a tecnologia lidar da NASA, por exemplo, obtém-se um perfil vertical da floresta que expõe tanto a altura quanto a distribuição vertical de galhos e folhas desde o solo até o topo do dossel. Os mapas de altura da floresta produzidos por Pachama constituem elemento chave na elevação da precisão na mapeação do carbono.

A precisão desses mapas é uma prioridade para a Pachama. A empresa destaca seu comprometimento com a validação pública da precisão dos mapas, confrontando-os sempre com a ‘verdade no chão’, como inventários de parcelas manuais e lidar aéreo. A eventual validação da precisão dos mapeamentos pela Pachama com fontes terceirizadas reconhecidas representa um marco significativo no uso operacional da mapeamento por satélite para o mercado de carbono, padronizando e tornando o crédito mais uniforme e negociável.

A estratégia de curto prazo da Pachama envolve a validação da precisão do mapeamento que a empresa está realizando e o engajamento com principais registros de créditos para melhor integrar o mapeamento satelital na emissão de créditos. A Pachama planeja ainda pilotar seu mapeamento de carbono baseado em satélite para emissão de créditos em um projeto real e está expandindo a cobertura geográfica de seus mapas, visando assim fortalecer e validar seus algoritmos em novas regiões.


Fonte: https://pachama.com/blog/why-satellite-based-carbon-mapping-is-key-to-scaling-forest-carbon-markets/

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