O bioma Pantanal, extensão de biodiversidade inigualável no Brasil, atravessa um período de recuperação após ter cerca de 30% da sua área total afetada por intensos incêndios florestais entre 2019 e 2021. O fenómeno natural de cheias e secas que dominaram essa planície alagável por milênios agora enfrenta uma nova ameaça com as mudanças climáticas. Os incêndios florestais e a severidade das secas trouxeram sérios danos à fauna e à flora da região, destacando a vulnerabilidade desse Patrimônio Nacional e Natural Mundial perante desequilíbrios climático-ambientais.
O Pantanal divide-se entre os estados de Mato Grosso do Sul (65%) e Mato Grosso (35%), e esparrama-se também por fronteiras com a Bolívia e o Paraguai. Famoso pela sua rica biodiversidade, com espécies como tuiuiús, onças-pintadas, jacarés e capivaras, este bioma sofreu com incêndios que destruíram aproximadamente cinco milhões de hectares. Este desastre natural colocou em evidência a necessidade de políticas e práticas sustentáveis de manejo do fogo e proteção ao ecossistema.
Frente a esse cenário, o Senado Brasileiro entrou em debate sobre o projeto de lei que institui o Estatuto do Pantanal (PL 5.482/2020), uma proposta de proteção, conservação, restauração e exploração sustentável do bioma. O projeto prevê políticas integradas para melhorar a qualidade de vida dos habitantes locais e reduzir desigualdades regionais, incluindo a proteção dos recursos hídricos, manejo integrado do fogo e recuperação de áreas degradadas.
Além disso, pesquisadores ressaltam que o Pantanal é um bioma adaptado aos ciclos de inundação e fogo. Contudo, os recentes incêndios descontrolados representam uma ameaça muito maior do que o fogo histórico e natural da região. Estas catástrofes são influenciadas por fatores em diversas escalas, incluindo globais, como as mudanças climáticas, e regionais, como o desmatamento na bacia do Rio Paraguai e na Amazônia, afetando a QUEDA de chuvas no Pantanal.
Apesar de o dado de que cerca de 19,3% da área nativa do Pantanal já foi convertida em áreas de exploração econômica, especialistas destacam a importância de manter práticas tradicionais compatíveis com a conservação da biodiversidade, como a pecuária extensiva em pastagens nativas, que oferecem serviços ecológicos valiosos.
A resiliência do Pantanal está também no centro das iniciativas de monitoramento da fauna. Projetos de longa data têm acompanhado espécies como o tuiuiú, enquanto esforços de conservação, exemplificados pela recuperação da arara-azul-grande, mostram a capacidade de reação do bioma quando suportado por ações adequadas.
O Senado discute ainda direcionar fundos ambientais climáticos para projetos de bioeconomia na região, reforçando os objetivos de preservar e desenvolver economicamente o bioma. A proposta do selo “Pantanal Sustentável” é citada como forma de valorizar iniciativas locais alinhadas com a preservação e uso responsável dos recursos naturais.
Os esforços de recuperação e preservação do Pantanal são um clamor por ações eficazes que, além de proteger a biodiversidade, promovam o bem-estar dos habitantes do bioma, garantindo a sustentabilidade de um dos patrimônios mais ricos do Brasil e do mundo.