A República da África do Sul se destaca como líder em investimentos em energia renovável no continente africano, posicionando-se de maneira ambiciosa frente ao desafio global de transição para uma economia de baixo carbono. Um estudo recente investigou o potencial das energias renováveis (REs) na África do Sul e os desafios que enfrenta nessa transição. O país, que é o maior emissor de carbono da África, poderá entrar em uma fase decisiva de mudanças estruturais e tecnológicas, favorecendo um sistema energético mais sustentável.
O crescente interesse em energias renováveis como biofuel, solar e eólica na África do Sul surge da necessidade de opções energéticas que não estejam sujeitas à volatilidade dos preços dos combustíveis fósseis e que permitam uma gestão ambiental adequada. As REs possibilitam um ciclo de carbono completo, onde as emissões são, em parte, reabsorvidas, contrapondo-se ao ciclo fechado dos combustíveis fósseis, causadores de emissões de CO2.
Apesar dos obstáculos, o país apresenta um vasto potencial para desenvolver o setor de energias renováveis, que além de ser ambientalmente favorável, poderia catalisar a criação de empregos e impulsionar o desenvolvimento econômico. Contudo, para a incorporação efetiva das REs na matriz energética, esforços conjuntos em tecnologia, políticas e infraestrutura são essenciais.
Entre as fontes de energia renovável, a energia solar emerge como a mais promissora, dada a localização geográfica do país, que goza de alto índice de irradiação solar. A energia eólica também tem seu lugar, com uma estimativa de capacidade total de 6.7000 GW. A biomassa, apesar de subutilizada, representa outra fonte significativa, comprova a possibilidade de usar resíduos de culturas de cana-de-açúcar e milho para geração de energia elétrica ou produção de bioetanol.
Os numerosos desafios para uma transição eficaz para as energias renováveis incluem a elevada dependência de carvão, custos iniciais altos, falta de infraestrutura adequada e políticas setoriais que ainda não favorecem plenamente as REs. Contudo, iniciativas como o Plano de Investimento da Transição Justa de Energia (JET-IP) sugerem um caminho progressivo para a diversificação da matriz energética e resiliência econômica.
Em conclusão, a inserção efetiva das REs pode contribuir para a segurança energética, redução dos impactos ambientais e melhoria da distribuição de energia no país. A pesquisa ressalta a importância de adoção de políticas adequadas e fomento à colaboração entre governo e stakeholders energéticos para superar os desafios existentes e maximizar o aproveitamento das fontes renováveis disponíveis.
Fonte: I. M. S. Anekwe, S. O. Akpasi, M. M. Mkhize, H. Zhou, R. T. Moyo e L. Gaza, “Renewable energy investments in South Africa: Potentials and challenges for a sustainable transition -a review,” Science Progress, vol. 107, no. 2, pp. 1-16, 2024.