Planos integrados de restauração florestal mostram eficácia multifatorial

A restauração florestal emergiu como uma solução promissora não apenas para a **sustentabilidade ecológica**, mas também para a promoção do bem-estar humano e a mitigação das **mudanças climáticas**. Um estudo recente realizado por pesquisadores das universidades de Exeter e Oxford destaca a eficácia dos planos de **reflorestamento integrados** em atingir múltiplos objetivos de forma mais eficaz do que as abordagens tradicionais focadas em um único objetivo.

Os autores do estudo implementaram uma estrutura chamada **Contribuição da Natureza para as Pessoas (NCP)**, que adota uma perspectiva holística, centrando-se na interconexão entre a restauração do ecossistema e os benefícios para a sociedade humana. A pesquisa se debruça sobre áreas extensas da Índia, empregando um algoritmo para identificar 3,88 milhões de hectares promissores para restauração. Ao conseguir mapear esses espaços, os pesquisadores puderam elucidar os **benefícios multifacetados** da regeneração florestal.

Os dados revelam que os projetos de restauração com metas múltiplas atendem, em média, mais de 80% dos benefícios desejados para o **clima** e a biodiversidade. Além disso, esses planos representam uma alternativa mais justa em termos sociais, uma vez que cerca de 38-41% das pessoas beneficiadas foram identificadas como pertencentes a grupos socioeconômicos desfavorecidos, superando sua proporção na população geral da Índia.

A **multiplicidade de funções** que tais paisagens integradas oferecem é de crucial importância. Eles não apenas capturam o carbono e promovem a biodiversidade, mas também criam oportunidades socioeconômicas para comunidades locais, tornando-se polos de **desenvolvimento sustentável**. Essa abordagem integrada sugere que compromissos entre biodiversidade, armazenamento de carbono e provisão de serviços para as comunidades podem ser minimizados, caso as políticas públicas e projetos de engenharia sejam bem coordenados.

Uma das inovações centrais desta pesquisa é o uso de um **algoritmo de otimização** avançado, que ajuda a determinar os locais de restauração mais adequados, evitando áreas como pastagens e terras agrícolas importantes para a produção de alimentos. Esse algoritmo foi essencial para identificar regiões onde a regeneração natural de florestas nativas pode ser realizada de maneira eficaz, maximizando tanto o impacto ambiental positivo quanto social.

A mensagem central do estudo é clara: ao adotar técnicas de restauração florestal que visem à integração múltipla de objetivos, governos e organizações poderiam alcançar benefícios climáticos, ecológicos e sociais de uma só vez. Isso, por sua vez, demanda um repensar das atuais estratégias de reflorestamento que, frequentemente, mantêm um foco estreito e específico.

Esse estudo fornece elementos críticos para entender como políticas de restauração florestal integradas podem transformar não apenas o meio ambiente, mas também beneficiar comunidades muitas vezes deixadas à margem do progresso econômico. Em última análise, a **bioeconomia** que emerge dessas iniciativas não se limita ao crescimento econômico tradicional, mas sim a uma melhoria generalizada da qualidade de vida e maior equidade social. Os resultados do estudo reclamam por atenção internacional e podem servir de modelo para projetos semelhantes em outras partes do mundo.

Ao enfrentar o duplo desafio do aquecimento global e das disparidades socioeconômicas, a restauração florestal integrada aparece como uma estratégia de **inovação sustentável**, capaz de oferecer soluções que atendam às crescentes demandas ambientais e sociais deste século.


Fonte: https://www.ecodebate.com.br/2024/08/14/restauracao-florestal-protege-as-pessoas-a-natureza-e-o-clima/

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