Um importante estudo conduzido nos Estados Unidos aponta para um significativo avanço na bioeconomia circular: a transformação de resíduos da indústria láctea em bioplásticos. Este desenvolvimento, oriundo da cooperação entre pesquisa e agricultura, aponta para soluções inovadoras na luta contínua contra a poluição por plástico.
A pesquisa, realizada por Atanu Biswas, químico de pesquisa do ARS National Center for Agricultural Utilization Research, em Peoria, Illinois, foca na utilização da lactose – um subproduto da produção de laticínios – como matéria-prima para a criação de poliuretano e outros polímeros bioplásticos. Os sacarídeos presentes na lactose possuem uma química favorável para a formação dessa nova categoria de polímeros, e com o uso de tecnologia de micro-ondas, Biswas acelera o processo de transformação desses açúcares em bioplásticos.
O potencial biodegradável da lactose – uma vez que é um dissacarídeo de galactose e glucose – coloca esses materiais em uma perspectiva interessante quanto à sustentabilidade. Contudo, é necessário mais investigação para confirmar essa característica. A pesquisa ainda enfrenta o desafio de equalizar as propriedades do bioplástico a partir da lactose, como dureza e flexibilidade, com as dos plásticos tradicionais.
Apesar das limitações atuais, os bioplásticos baseados em lactose já encontram utilidade em aplicações específicas, tais como material de isolamento, enchimento para móveis, calçados, pisos de borracha e alguns tipos de equipamentos médicos. O otimismo prevalece, e com trabalho adicional, Biswas acredita que será possível expandir suas aplicações para centenas de outras funções.
Essa inovação é descrita como uma situação vantajosa para todos os envolvidos – indústria, consumidores e produtores rurais. Para a indústria, representa uma oportunidade de projetar uma imagem mais limpa e verde, aproveitando um insumo renovável e amplamente disponível. Consumidores conscientes recebem de braços abertos uma opção menos prejudicial para o meio ambiente, enquanto para os agricultores, transformar resíduos em um produto útil traduz-se numa clara vantagem.
Embora os bioplásticos possam não substituir totalmente os plásticos convencionais no curto prazo, a visão é de que a substituição integral seja um objetivo alcançável, com um caminho robusto de pesquisa e desenvolvimento marcando o trajeto da bioeconomia em direção a um futuro mais sustentável e responsável. Esse avanço ilustra um caminho promissor onde a engenharia e inovação se entrecruzam com as necessidades ambientais e as demandas do mercado.