Pesquisa da USP abre caminhos para a produção de lúpulo em São Paulo

Uma fronteira agrícola se expande no coração de São Paulo, e ela chega com aromas e sabores que prometem renovar o setor cervejeiro nacional. Pesquisadores da USP de Ribeirão Preto, com apoio da FAPESP, desbravaram novos terrenos e apresentam dados que reforçam a viabilidade do cultivo de lúpulo, ingrediente essencial na produção de cervejas, em solo tropical.

O esforço científico se concentrou na avaliação de quatro variedades de lúpulo, levando em conta principalmente os cultivares norte-americanos Cascade e Chinook. A pesquisa, publicada no European Journal of Agronomy, destacou que essas variedades responderam satisfatoriamente aos desafios impostos por nosso clima, mostrando-se promissoras quanto à fisiologia e crescimento.

Aspectos cruciais na cultivação dessa planta, como temperatura e luminosidade, foram meticulosamente observados. A descoberta de que luz artificial pode compensar nossas horas a menos de sol representa uma solução inovadora, garantindo a produção dos cobiçados cones de lúpulo, onde residem os compostos-chave para o aroma e sabor da bebida.

O estudo, que também contou com a colaboração do Institute for Plant and Food Research da Nova Zelândia, avançou ao analisar os óleos voláteis que conferem características organolépticas distintivas à cerveja. Publicados na revista Química Nova, os resultados revelaram que os óleos produzidos em Ribeirão Preto mantêm os principais componentes químicos encontrados nas amostras de referência internacional – um marco, que enfatiza a relevância da pesquisa para a indústria e produtores brasileiros.

O entusiasmo aumenta ao considerarmos o paladar dos consumidores. Um teste sensorial conduzido com cem apreciadores de cerveja, e documentado na International Journal of Wine Business Research, colocou frente a frente cervejas artesanais feitas com lúpulo nacional e importado. Os lúpulos cultivados em terras paulistas foram os protagonistas, alcançando notas superiores nas avaliações de sabor.

Este conjunto de estudos, destacando a adaptação tropical de variedades de lúpulo, bem como suas implicações sensoriais e hedônicas, abrem novas avenidas para a produção local de cerveja. A análise das estruturas de tricomas glandulares do lúpulo, partes da planta onde as preciadas essências são armazenadas, já se configura como o próximo passo dessa jornada científica.

Estamos diante de uma evidência palpável de que o ‘ouro verde’ da cervejaria pode prosperar sob o nosso sol. Um fato que leva mais que sabor aos nossos copos: traduz-se em inovação, sustentabilidade e patriotismo econômico. E, para um país que demonstra crescente apreciação pela cerveja artesanal, essa notícia tem um gosto especialmente refrescante.


Fonte: https://agencia.fapesp.br/estudos-atestam-a-viabilidade-da-producao-de-lupulo-no-estado-de-sao-paulo/50602

Compartilhar