Murumuru: inovação e sustentabilidade na bioeconomia amazônica

O murumuru (Astrocaryum murumuru) emergiu como matéria-prima promissora no cenário da bioeconomia, sendo alvo de estudos que visam explorar suas multifacetadas potencialidades. A bioeconomia, alinhada com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), busca soluções ecoeficientes que possam catalisar um crescimento econômico atrelado à preservação da biodiversidade.

Focalizando o potencial amazônico, pesquisadores da Universidade Federal do Oeste do Pará realizaram uma prospecção tecnológica para desvendar as diversas aplicações do murumuru. O estudo apontou para sua relevância na geração de insumos capazes de alavancar tanto o atual mercado regional quanto fomentar indústrias emergentes, especialmente as relacionadas à produção de cosméticos e biocombustíveis.

A pesquisa, conduzida com uma abordagem quanti-qualitativa, contemplou a análise de dados patentários e não patentários. Como um dos principais resultados, observou-se uma expressiva presença do murumuru em produtos cosméticos, como hidratantes e shampoos, ressaltando seu valor na cadeia econômica regional. Contudo, o olhar estratégico não se limitou às aplicações atuais, identificando potencial significativo para futuros usos em contextos bioenergéticos.

No que concerne aos aspectos tecnológicos, os registros de patentes salientam a adoção intensiva da manteiga de murumuru, notável por suas propriedades emolientes e nutritivas, em formulações dermocosméticas. Empresas de calibre como Natura e L’oreal figuram entre as detentoras de patentes, demonstrando o interesse comercial e estratégico na exploração deste insumo vegetal.

As projeções apontam para um incremento na demanda por produtos ecoeficientes, onde o murumuru se apresenta como vetor de inovação. A sua incorporação em bens de consumo simboliza uma confluência entre os ideais de sustentabilidade e avanços tecnológicos, onde a conservação da biodiversidade caminha passo a passo com o desenvolvimento econômico.

Em suma, o estudo corrobora a tese de que a valorização da sociobiodiversidade amazônica, representada aqui pelo murumuru, é um caminho sustentável e inovador para o desenvolvimento regional. O incentivo à pesquisa e a adoção de práticas de manejo consciente são essenciais para a manutenção desta biodiversidade singular enquanto se exploram suas capacidades econômicas.

Conclui-se, portanto, que o murumuru carrega em suas amêndoas não apenas o sustento da fauna silvestre amazônica, mas também a semente de novos horizontes para a bioeconomia, com perspectivas de influenciar positivamente a geração de renda e a manutenção da floresta em pé.

Fonte: A. M. S. Costa, A. L. T. Silva, M. W. S. Arouca, R. S. Oliveira, ‘Prospecção das tendências de uso do murumuru (Astrocaryum murumuru), verificando as diversas possibilidades de sua aplicação por meio de pesquisa em bases patentárias e não patentárias’, Cadernos de Prospecção, vol. 17, n. 2, pp. 554-570, abr./jun. 2024, doi: https://doi.org/10.9771/cp.v17i2.56170. Disponível em: https://periodicos.ufba.br/index.php/nit/article/download/56170/31709

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