Investimentos de impacto crucialmente necessários para o futuro da Amazônia

No Dia da Amazônia, uma reflexão crucial ecoa: a necessidade premente de se manter o fluxo dos investimentos de impacto na região, veículo essencial para a sua sustentabilidade e progresso econômico. O movimento ESG (Ambiental, Social e Governança), concebido como um vetor de transformação, vive um momento de questionamento global, especialmente notório nos Estados Unidos, onde empresas começam a recuar de seus compromissos iniciais. Este retrocesso, preocupantemente, ameaça se replicar em solo brasileiro, mais precisamente na Amazônia, uma área que necessita urgentemente de engajamento contínuo.

Os fundos de investimento que foram criados com o propósito de gerar um impacto positivo na Amazônia enfrentam um grave entrave: a estagnação. Embora tenham conseguido captar elevadas somas, o desafio de traduzir essas cifras em ações significativas persiste. Grande parte desses recursos permanece inerte, alocados em aplicações de renda fixa, enquanto a floresta se vê diante da necessidade de práticas efetivas para seu desenvolvimento sustentável. Com isso, um ciclo de desapontamento se instaura, ameaçando as expectativas por mudanças tangíveis.

Evidentemente, investir na Amazônia significa enfrentar a incerteza inerente à inovação, que possui seu quinhão de riscos e, possivelmente, falhas iniciais. No entanto, a paralisia diante do medo de errar é o verdadeiro antagonista da mudança. Investir de maneira tímida, sem ousadia, perpetua um estado de inércia que não condiz com as urgências socioeconômicas e ambientais da região.

Muitos se voltaram para a filantropia como resposta às demandas globais trazidas à tona pela pandemia. Este movimento, inicialmente promissor, evidenciou um dilema: a falta de preparo de muitos fundos de impacto para executarem projetos com eficácia. Como consequência, a transformação tão esperada para a Amazônia permanece, em grande parte, mais no papel do que no chão fértil da floresta.

O discurso em torno da Amazônia nunca foi tão expressivo. Isso, entretanto, suscita um questionamento crítico: quantas dessas discussões geram, de fato, resultados para a região? A criação de empregos robustos e a elevação da renda são métricas que definem o sucesso esperado para os investimentos direcionados à bioeconomia. Contudo, a realidade mostra que poucos fundos têm conseguido traduzir aspirações em melhorias concretas.

É imperativo que a sociedade construa mecanismos que facilitem a circulação desses investimentos, elevando a coragem para tomar decisões que desafiem o status quo e promovam verdadeiras inovações. A Amazônia, rica em potencial e recursos, precisa de um comprometimento que vá além da preservação, englobando ações que efetivamente impactem a vida das comunidades locais e a saúde planetária.

Por fim, a mensagem é clara: é preciso garantir que os investimentos para a Amazônia sejam aplicados de maneira eficiente e eficaz, cumprindo as promessas de desenvolvimento sustentável. O custo de não agir, ou de se contentar com intervenções inadequadas, é desmesuradamente alto. Apenas com investimentos reais e corajosos se poderá celebrar o Dia da Amazônia na verdadeira acepção do termo, caminhando de maneira segura para proteger e valorizar este patrimônio global.


Fonte: https://pagina22.com.br/2024/09/05/investimentos-de-impacto-precisam-continuar-fluindo-na-amazonia/

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