Um sistema inovador promete revolucionar a indústria cervejeira ao possibilitar a detecção ágil de microrganismos que reduzem a qualidade do produto final, afetando características como sabor e aroma. Desenvolvido pela startup paulista EasyOmics, o equipamento traz ganhos expressivos em termos de rapidez, sensibilidade e precisão no monitoramento de agentes deteriorantes.
Com o apoio do programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), da FAPESP, a solução permite análises detalhadas em todos os pontos do processo produtivo, desde a seleção da matéria-prima até o ponto de venda. Rene Aduan Junior, biotecnólogo e mestre cervejeiro da empresa, destaca que as cervejarias, que já realizam o monitoramento regular durante a produção, poderão agora fazê-lo de forma mais extensiva e eficaz, contribuindo substancialmente para uma gestão de qualidade mais integrada.
As provas de conceito já finalizadas sugerem que a aplicação prática da tecnologia deve se iniciar nas cervejarias este ano, com um protótipo final a caminho. Visam ainda tornar a inovação acessível não somente às grandes corporações, que dominam cerca de 90% do mercado, mas também às médias, pequenas e microempresas cervejeiras.
A proposta inclui um sistema simples e compacto, que pode ser operado intuitivamente por qualquer trabalhador sem necessidade de experiência prévia em microbiologia. O dispositivo promete uma análise rápida dos agentes deteriorantes, oferecendo resultados em uma hora — uma melhoria significativa em comparação aos métodos convencionais que levam de sete a 15 dias.
Esta celeridade é vital para a produção, pois enquanto a cerveja permanece estagnada aguardando análise, interrompe-se o processo produtivo. O dispositivo também possibilita um ajuste mais preciso na intensidade da pasteurização, reduzindo o consumo de energia e garantindo a qualidade e a estabilidade microbiológica do produto.
A importância de soluções como esta é ressaltada por Aduan, que aponta para a necessidade de processos integrados de análise em um país que é o terceiro maior produtor mundial de cervejas. A startup procura ampliar o impacto evolutivo desse desenvolvimento biotecnológico no setor, permitindo inclusive futuras aplicações na análise de qualidade diretamente nas torneiras, ou em outros segmentos da indústria de alimentos.
Essa inovação nasceu de um diálogo descontraído acompanhado de cerveja, onde os fundadores da EasyOmics, todos pesquisadores nas áreas de microbiologia e bioinformática, perceberam o potencial das técnicas de biologia molecular aplicadas à segurança alimentar. A FAPESP, por meio de recursos e orientações do programa PIPE Empreendedor, foi crucial para que a ideia se transformasse em um protótipo mais viável e próximo da realidade industrial.
Em um panorama onde o compromisso com a qualidade ainda está em construção, soluções que integram a tecnologia nos processos fabris da indústria cervejeira são esperadas para fortalecer e posicionar o Brasil como um referencial na produção de uma cerveja com padrões ainda mais elevados de excelência.
