A Plataforma Digital da Floresta surge como uma iniciativa inovadora que promete transformar a relação entre a bioeconomia da Amazônia e a indústria. Desenvolvida pela Fundação CERTI através do Instituto CERTI Amazônia, esta plataforma propõe uma conexão direta entre o comércio e as comunidades locais, assegurando a preservação ambiental e promovendo o desenvolvimento econômico e social. O sistema atua como um facilitador de transações on-line para produtos e serviços amazônicos, integrando operadores logísticos e financeiros, otimizando a cadeia produtiva e prevendo safras e produções futuras.
A Cooperativa Indígena Kayapó de Produtos da Floresta, conhecida como COOBA-Y, é uma das pioneiras a utilizar a plataforma, comercializando produtos como cumarú e castanha. Com sede no sul do Pará, a COOBA-Y já produz anualmente 200 toneladas de castanha beneficiada e 65 toneladas in natura. Bekuwa Kayapó, membro da cooperativa que reside na aldeia caiapó Kuben Kran Kren, destaca a importância desta plataforma como um ‘grande passo’ para a sustentabilidade financeira e o reconhecimento cultural e comercial dos produtos produzidos pelos caiapós.
Essa plataforma visa agregar valor aos produtos nativos da Amazônia através de um modelo que destaca a sustentabilidade e a geração de renda para os povos da floresta. Além de oferecer maior visibilidade e acesso ao mercado, a ferramenta garante transações seguras e rastreáveis, atendendo às normas de específicas e assegurando a qualidade dos produtos.
A plataforma se estrutura em três pilares: o Bioconex, que funciona como um hub de marketplaces, o Vem de Onde, que assegura a rastreabilidade dos produtos, e o BI da Floresta, que centraliza dados essenciais para a gestão dos negócios. Marco Giagio, diretor geral do Instituto CERTI Amazônia, enfatiza que essas ferramentas não somente ampliam as possibilidades econômicas como atenuam dificuldades enfrentadas por extrativistas, ao focar na eliminação de intermediários e na democratização do acesso a mercados mais vastos.
A inclusão digital dos extrativistas também é um ponto crucial no design da plataforma, que foi concebida para ser de fácil uso e acompanhamento, garantindo que as comunidades extrativistas possam participar ativamente do processo de comercialização. A plataforma promove treinamentos e suporte contínuo para o uso eficaz das ferramentas digitais disponibilizadas.
Além de conectar diretamente os produtores locais com mais de duas mil indústrias interessadas, a plataforma garante que a procedência dos produtos está alinhada com práticas legais e sustentáveis, fortalecendo a bioeconomia como uma alternativa responsável e eficaz para o desenvolvimento econômico da região, sem comprometer a integridade ambiental.
Essa iniciativa não apenas atende aos interesses econômicos das indústrias e das comunidades locais, mas também alinhada com as demandas atuais por práticas de comércio justo e transparência nas cadeias produtivas. A comprovação da origem dos insumos através de ferramentas de rastreabilidade é essencial para fomentar essa confiança no mercado e assegurar um preço justo para os extrativistas.
A Plataforma Digital da Floresta representa, portanto, uma significativa evolução no modo como entendemos e praticamos a bioeconomia. Ao fortalecer o elo entre a indústria e as cooperativas amazônicas, a plataforma não apenas contribui para a preservação da floresta, mas também garante um crescimento econômico sustentável para as comunidades que dela dependem.