O Relatório sobre Vulnerabilidades Relacionadas ao Clima sinaliza novos desafios à estabilidade financeira global, com impactos explicitados na recém-publicada estrutura analítica do Conselho de Estabilidade Financeira (FSB). As vulnerabilidades climáticas podem ameaçar a estabilidade ao serem desencadeadas por choques climáticos, que se propagam por meio de mecanismos de transmissão e amplificação existentes no sistema financeiro.
Essa abordagem analítica detalhada destaca tanto os riscos de transição—mudanças abruptas em políticas ou preferências de consumo—, quanto os riscos físicos, derivados de desastres naturais como enchentes ou secas. Essas variáveis climáticas interagem reduzindo a capacidade das instituições financeiras de gerir riscos, comprometendo a continuidade dos serviços financeiros em segmentos e regiões específicas.
O framework proposto pelo FSB abrange aspectos transfronteiriços e setoriais, garantindo uma análise completa dos riscos climáticos e facilitando o monitoramento dessas vulnerabilidades com métricas adaptáveis. Com uma perspectiva voltada ao futuro, as métricas visam detectar antecipadamente possíveis agravantes dos riscos de transição e físicos, mapeando sua transmissão e amplificação no sistema financeiro global.
No cerne das preocupações está a maneira como choques climáticos interagem com vulnerabilidades pré-existentes, criando um ambiente propício a perdas financeiras. Esses choques podem provocar danos a ativos físicos, criar ativos ociosos ou interromper atividades econômicas, afetando adversamente a economia e alimentando de volta o sistema financeiro, gerando riscos sistêmicos consideráveis.
Entre os principais canais de transmissão, destacam-se o risco de crédito, o risco de mercado com abrupta reprecificação de ativos e o risco de liquidez, motivado por saídas de capital devido a percepções de exposição excessiva a riscos climáticos. Outros riscos emergentes, como o de subscrição enfrentado por seguradoras e risco legal ou operacional, são identificados como preocupações adicionais para o sistema financeiro.
O relatório oferece uma simulação conceitual dos efeitos potenciais de um choque climático no mercado imobiliário, ressaltando a importância de garantir a disponibilidade de seguros para prevenir a transferência de riscos para famílias, empresas ou governos. A abordagem destaca a necessidade de desenvolvimento contínuo de ferramentas para antecipar e mitigar riscos climáticos em uma escala global.
Por fim, a continuidade do desenvolvimento do framework pelo FSB pretende refinar as métricas de monitoramento e conduzir análises aprofundadas sobre vulnerabilidades climáticas específicas. Essas iniciativas são apoiadas pelo comprometimento com a coordenação internacional, para que sejam desenvolvidas políticas regulatórias e supervisórias mais eficazes em resposta aos riscos climáticos emergentes.
Fonte: Assessment of Climate-related Vulnerabilities: Analytical framework and toolkit