Especies-chave na econômia sustentável: avanços e potenciais

A crescente discussão sobre a sustentabilidade na bioeconomia está destacando o papel significativo das chamadas ‘espécies-chave’. Em meio a preocupações ambientais com o uso de culturas de terra para a biofabricação, pesquisadores estão buscando alternativas mais eficientes no uso da terra e que gerem menos carbono. Um exemplo impactante é o do milho, responsável por 80% dos plásticos bio-based atuais, mas cuja produção agrícola intensiva traz desafios como a competição por terras, poluição hídrica e o uso de fertilizantes intensivos em carbono.

Com foco em espécies que poderiam sustentar uma indústria química baseada em biomassa mais eficiente, o artigo destaca a alga verde C. reinhardtii. Esta, além de superar vários problemas associados tanto a matérias-primas fósseis quanto agrícolas, destaca-se por seu crescimento rápido e constante. A China já aprovou o uso de C. reinhardtii como nova matéria-prima para produtos alimentícios e empresas de microalgas pelo mundo afora têm derivado pó de microalgas, óleos e pigmentos da espécie.

Outro aspecto promissor é o uso de algas verdes no tratamento biológico de águas residuais. Estudos realizados pela Universidade King Abdullah de Ciência e Tecnologia (KAUST) na Arábia Saudita revelaram que a alga é capaz de consumir 100% do nitrogênio e fósforo de águas residuais, mostrando seu potencial para aplicações em larga escala.

Concentrando-se nos recursos das algas vermelhas, com quase 6.000 espécies nos oceanos, destaca-se o gênero Gelidium. Além de suas amplas aplicações atuais em setores como têxteis e alimentos, pesquisas estão explorando seu uso em farmacêuticos, cosméticos, suplementos alimentares, biomateriais e biofertilizantes. Em particular, Gelidium amansii vem ganhando atenção como matéria-prima para bioetanol devido ao seu alto teor de carboidratos, enquanto o Gelidium corneum contém compostos que prometem um protetor solar biobaseado menos poluente que os atuais.

A relevância das leveduras, especialmente Saccharomyces cerevisiae, é igualmente notável na bioeconomia, onde se destacam na fabricação de bioetanol, biodiesel, alimentos e compostos químicos complexos. E não menos importante são os fungos filamentosos, que já fornecem 82% das enzimas para a fabricação de alimentos e bebidas e mostram um enorme potencial para expandir a bioeconomia circular, transformando resíduos em produtos químicos valiosos.

Esses avanços sublinham a importância da biodiversidade para a sustentabilidade da bioeconomia, e colocam em perspectiva o valor de organismos microscópicos que podem transformar resíduos orgânicos, já produzidos em grandes volumes, em insumos para uma variedade de setores. Pesquisas e desenvolvimento contínuos em novas espécies biomanufatureiras desbloquearão potenciais fontes de matéria-prima como resíduos florestais, pavimentando o caminho para um fornecimento de matéria-prima mais amplo e sustentável.


Fonte: https://worldbiomarketinsights.com/the-keystone-species-of-the-sustainable-bioeconomy/

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