Enviva, a maior empresa de energia de biomassa do mundo, está prestes a entrar em colapso.

Em uma reviravolta inesperada que ofusca o mercado global de biomassa, Enviva, a maior empresa de energia de biomassa do mundo e principal produtora de pellets de madeira, encontra-se confrontada com perdas financeiras avassaladoras. No último relatório trimestral, constatou-se que a companhia, fundadora de plantas nos Estados Unidos e fornecedora vital para usinas de energia em países como UE, Reino Unido, Japão e Coreia do Sul, está perto do colapso, com suas ações despencando e o CEO sendo substituído.

Uma análise aprofundada das contas da empresa revela prejuízos que superam os 250 milhões de dólares até o momento, sinalizando incertezas quanto à sustentabilidade da empresa em longo prazo. As dificuldades enfrentadas pela Enviva trazem questões relevantes em relação à dependência que nações europeias e asiáticas possuem de seus pellets para atingir os objetivos climáticos estabelecidos no Acordo de Paris, apesar da contabilidade de carbono relacionada à queima de biomassa florestal como fonte de energia ser cientificamente questionável.

O declínio da Enviva coloca em xeque a ideia de que a queima de madeira de florestas é uma forma de energia renovável com emissões zero, e levanta incertezas em relação ao fornecimento global de pellets. Analistas financeiros que acompanham o desempenho da empresa foram pegos de surpresa pela queda abrupta, contrastando com a trajetória ascendente prevista inicialmente pela empresa.

Detalhes adicionais fornecidos por um ex-gerente de manutenção e denunciante da Enviva revelaram que o modelo de negócios da empresa, baseado em alegações de sustentabilidade e uso primordial de resíduos de madeira para a produção dos pellets, não condiz com a realidade operacional. Este antigo funcionário destaca que, na prática, a empresa utiliza majoritariamente árvores inteiras, elevando os custos de aquisição de madeira e gerando um impacto corrosivo no maquinário utilizado na produção dos pellets, acarretando em paradas e altos custos de manutenção.

A crise da Enviva e o reconhecimento de seus desafios operacionais não só colocam em dúvida a legalidade de suas alegações ambientais anteriores, mas também realçam as disparidades entre as alegações corporativas e as práticas reais identificadas por observadores e ativistas ambientais. A situação atual da empresa, marcada por uma série de contratempos financeiros e práticas não sustentáveis, ressalta os desafios inerentes às indústrias que buscam entrar no mercado competitivo de bioenergia enquanto precisam manter uma imagem ambiental favorável.

Defensores das florestas e críticos das atividades da Enviva apontaram uma série de inconsistências entre o discurso pro-ambiental e a prática de desmatamento promovida pela empresa. Com o abalo na líder do setor, abre-se uma janela de oportunidade para a reavaliação do uso de biomassa florestal como fonte de energia sustentável e para a reconsideração de políticas de subsídios governamentais que favorecem essa prática.

As repercussões deste abalo financeiro e operacional têm efeitos potenciais na reestruturação do mercado global de energia de biomassa e nas políticas ambientais que moldam o setor, convocando profissionais e engenheiros a refletirem sobre soluções mais inovadoras e genuinamente sustentáveis que estejam em consonância com os princípios ESG (Environmental, Social, and Governance).


Fonte: https://news.mongabay.com/2023/11/enviva-the-worlds-largest-biomass-energy-company-is-near-collapse/

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