Na segunda jornada do Ecomondo 2024, realizado no centro de exposições Rimini, na Itália, de 5 a 8 de novembro, uma série de discussões destacou o potencial transformador das indústrias baseadas em recursos biológicos para fomentar a sustentabilidade em economias rurais ao redor do mundo. O evento reuniu pesquisadores, formuladores de políticas e líderes da indústria para abordar como os avanços biotecnológicos podem beneficiar os setores de agricultura, silvicultura e ecossistemas marinhos.
A abertura foi feita por Marta Gomez San Juan, do Escritório de Mudanças Climáticas da FAO, que chamou a atenção para o ainda presente desafio de acesso ao mercado para novos produtos, mesmo em economias avançadas. Ela compartilhou estudos de caso inovadores que promovem sustento local através do uso equitativo de recursos, como o projeto “Turning Fish into Fashion”, no Quênia, e a produção de plásticos à base de resíduos de agave no México. Além disso, foi introduzido o novo estudo global da FAO sobre bioeconomia e o “Bioeconomy Toolbox“, destinado a auxiliar o desenvolvimento de estratégias bioeconômicas sustentáveis.
Destacou-se também Serenella Sala, da Comissão Europeia, que enfatizou como produtos químicos seguros, circulares e bio-baseados podem alavancar a inovação dentro das metas do EU Green Deal, tais como a poluição zero e a neutralidade climática. A abordagem integrada de medição do ciclo de vida foi sublinhada como essencial para este avanço.
Outro ponto alto do evento foi a participação de Derek Nighbor, da Associação de Produtos Florestais do Canadá, destacando a gestão sustentável das florestas como um motor para o crescimento econômico rural, a reconciliação indígena, a biodiversidade e uma habitação segura e acessível. Samuele Ambrosetti, do Consórcio de Indústrias Bio-baseadas de Bruxelas, argumentou que tais indústrias são chave para uma Europa sustentável e competitiva.
Na sessão global, Jim Philp, analista de políticas e membro do Conselho Consultivo Internacional do Ecomondo, forneceu um panorama das mudanças nas perspectivas de bioeconomia ao redor do mundo desde 2009, com exemplos da França, dos Estados Unidos e da China. Philp ressaltou a importância de um corpo unificado que coordene iniciativas nacionais com esforços regionais e internacionais.
A segunda parte do workshop foi dedicada à implementação multissetorial da bioeconomia na região do Mediterrâneo. Iniciativas estratégicas, como as prioridades bioeconômicas do G20 sob a presidência brasileira, foram discutidas por Fabio Fava, Presidente do Comitê Científico Técnico do Ecomondo, juntamente com projetos financiados pela UE, como BioInSouth e Biomodel4Regions. Essas iniciativas apoiam a agricultura sustentável, a silvicultura e a regeneração do solo.
Um ano após a inauguração do HUB italiano, a BlueMissionMed se reuniu no Ecomondo para impulsionar a Missão da UE “Restaurar nossos Oceanos e Águas até 2030”, abordando soluções inovadoras para proteger o Mar Mediterrâneo. O evento, organizado em colaboração com a Comissão Europeia e o Conselho Nacional de Pesquisa (CNR), apresentou soluções de ponta através de diversas indústrias, refletindo a diversidade geográfica da região.
A ESG CEO Summit, uma das conferências em destaque no evento, abordou como equilibrar a transição sustentável com a competitividade das empresas europeias. Discussões focaram na necessidade de alinhar a conformidade regulatória com investimentos direcionados, destacando como o desenvolvimento insustentável é um luxo insustentável e enfatizando que a velocidade na implementação das mudanças é vital para o sucesso da transição verde.