A dinâmica internacional da bioeconomia ganhou ímpeto significativo a partir de 2022, conforme indicado pela Declaração 2023 do World BioEconomy Forum. Com um foco na importância crescente desse setor, potências econômicas como China e Estados Unidos estão intensificando seus investimentos e estratégias. A China anunciou sua primeira estratégia de bioeconomia em maio de 2022, enquanto os EUA atualizaram sua estratégia com a iniciativa EO 14081 para avançar a Biotecnologia e Biomanufatura, em setembro do mesmo ano.
A presença da bioeconomia tem se destacado em outros fóruns internacionais, como exemplificado pela organização de um painel pela UNIDO durante a UNFCCC COP27 no outono passado e a inclusão desse tema na agenda da reunião do G20 pela Índia este ano. Percebe-se um interesse crescente na bioeconomia como forma alternativa de produção frente aos desafios globais. Economicamente, a bioeconomia ganha relevância com seu valor global atual estimado entre 4 e 5 trilhões de USD, com projeções apontando um possível aumento para 30 trilhões até o final desta década, o que representaria um terço do valor econômico global.
A estratégia adotada por cada região no desenvolvimento da bioeconomia varia significativamente, refletindo setores e prioridades distintas moldadas por fatores como clima, recursos naturais e políticas. Enquanto países como EUA, China e Índia têm se concentrado numa visão biotecnológica, a União Europeia mostrou-se mais inclinada às visões de bio-recursos e bioecologia. No entanto, já se observam movimentos em direção a abordagens mais abrangentes.
Neste cenário, o World BioEconomy Forum atua firmemente dentro de uma estrutura de quatro pilares: ‘O Bioeconomia: Pessoas, Planeta, Políticas’; ‘Líderes Corporativos e o Mundo Financeiro’; ‘Bioprodutos ao Nosso Redor’; e ‘Olhando para o Futuro’. Esta estrutura proporciona uma análise abrangente do status da bioeconomia circular, promovendo desenvolvimentos em todo o setor.
A eficácia do Fórum é evidente em sua capacidade de abordar holisticamente a bioeconomia, colaborando para esforços significativos na mitigação das mudanças climáticas. Todas as atividades e programas do Fórum, incluindo Mesas Redondas e a Declaração anual, estão alinhados à estrutura de quatro pilares, garantindo que todos os interessados na bioeconomia circular tenham voz e plataforma para um diálogo e ações mais inclusivos e impactantes.
Dentre as recomendações do Fórum, destaca-se o incentivo às regiões para adotarem uma abordagem holística da bioeconomia, integrando visões de bio-recursos, biotecnologia e bioecologia. Adicionalmente, propõe-se que os governos estabeleçam estratégias e diretrizes claras para a bioeconomia para facilitar o desenvolvimento da economia circular bioeconômica. Líderes corporativos são encorajados a manifestar interesse e a investir em aplicações bio-baseadas sustentáveis, enquanto instituições financeiras são instadas a organizar programas e fundos relacionados a investimentos em bioeconomia.
Há um destaque para a importância crescente da biotecnologia no desenvolvimento de processos substitutos dos recursos fósseis por renováveis na fabricação de diversos produtos, realçando a utilidade da bioengenharia, automação, digitalização e IA. As expectativas de implantação de bio-recursos também diferem entre as regiões, com a implantação doméstica de biomassa nos EUA e a busca da China por melhorar a gestão e proteção de sua biomassa. O Brasil vê oportunidades no aumento do uso de biomassa, buscando mais oportunidades nas etapas subsequentes das cadeias de valor.
Por fim, o Fórum encoraja a colaboração transfronteiriça e uma exploração conjunta das lições das revoluções industriais anteriores – como digitalização e automação – para obter insights para a ‘biorevolução’ emergente. Essas são ações cruciais que o Fórum identifica como necessárias para um desenvolvimento equilibrado e sustentável da bioeconomia global, considerando a utilização sustentável da biomassa, inclusão de resíduos na economia circular, e a maximização do armazenamento de carbono através da reciclagem de materiais e uso de resíduos como fonte de bioenergia.
Fonte: https://wcbef.com/about-us/declarations/declaration-2023/