Descubra como a Bioeconomia pode transformar o Brasil e impulsionar a descarbonização

A bioeconomia, conjugada à transição energética, alça-se como uma força transformadora no caminho para a descarbonização do Brasil. A aliança desses processos oferece um caminho para uma produção energética mais sustentável e uma larga gama de novos materiais e combustíveis que capturam carbono e possuem baixa intensidade de emissões de gases do efeito estufa (GEE). Enquanto a bioenergia se alinha às inovações nos setores agrícola, florestal e de manejo de resíduos em busca de biomassa sustentável, a bioeconomia desenha novas cadeias produtivas, descentralizadas e enraizadas no regionalismo, trazendo benefícios econômicos distribuídos e sustentáveis. Contudo, para que o Brasil materialize a bioeconomia em seus múltiplos aspectos, incluindo a inovação em tecnologias-chave e o desenvolvimento de políticas e mercados que a incentivem, é necessário um esforço coordenado e estratégico.

O Brasil necessita de uma agenda para bioeconomia que transite pela interação entre diferentes setores econômicos. As políticas públicas devem fomentar a oferta sustentável de biomassa e a implementação de biorrefinarias, com a intenção de trazer investimentos e empregos de forma descentralizada. Um mercado de carbono eficaz e políticas de financiamento alinhadas ao compartilhamento de riscos são essenciais. A bioeconomia repousa em tecnologias de diversos níveis de maturidade tecnológica, e a conjugação de investimentos públicos e privados de longo prazo é um diferencial para a adoção e avanço dessas soluções.

O estudo oferece uma avaliação preliminar das oportunidades da bioinovação, orientadas a mitigação de emissões de GEE e geração de receitas adicionais decorrentes da bioeconomia, no contexto da transição energética no Brasil. Avaliaram-se bioinovações de alto impacto econômico e de mitigação, com uma estimativa de investimentos necessários e receitas potenciais. Destaca-se que ainda há um vasto potencial não explorado relacionado à biodiversidade brasileira que merece ser estudado para a consolidação de novas cadeias produtivas.

A bioenergia e o papel central da biotecnologia no uso múltiplo da biomassa foram considerados no contexto da transição energética e na necessidade de desenvolvimento de uma bioeconomia robusta. As projeções analisadas basearam-se em diferentes trajetórias para o Brasil até o horizonte de 2050, começando com dois cenários (Políticas Correntes e Abaixo de 2°C) desenvolvidos por Oliveira et al. (2021), e a adição de um terceiro cenário, central neste documento, o “Cenário Potencial da Bioeconomia”. Este cenário ressalta a importância da adoção acelerada de biotecnologias para maximizar os benefícios da bioeconomia.

Neste cenário potencial agruparam-se as tecnologias selecionadas em três classes, enfatizando soluções para intensificação sustentável da agricultura, conversão de biomassa em produtos energéticos e de alto valor agregado. As projeções apontaram para uma produção significativa de bioquímicos e um aumento considerável na produção de biocombustíveis avançados até 2050. A exportação desses bioprodutos poderia gerar receitas substanciais, enquanto as emissões de GEE seriam reduzidas acentuadamente.

A bioeconomia mostrou-se capaz de dissociar o crescimento da produção e da economia do aumento das emissões. Em comparação com o cenário Abaixo de 2°C, o cenário Potencial da Bioeconomia representou uma expansão marcante na produção de biocombustíveis e bioquímicos, sem elevar as emissões de GEE. De fato, assistiu-se a uma redução significativa nas emissões, ressaltando que a expansão da bioeconomia pode ser tanto um motor para o desenvolvimento econômico quanto um caminho para a sustentabilidade.

Em conclusão, para uma implementação efetiva de uma bioeconomia no Brasil é imperioso desenvolver uma estratégia nacional. Isso envolve repensar as políticas de bioenergia, buscando a integração com outros segmentos da bioeconomia, potencializar a oferta sustentável de biomassa e valorizar os bioprodutos através de políticas que promovam a inovação e a competição justa com produtos fósseis. Somente assim, o país poderá não apenas cumprir suas metas ambientais mas também capitalizar economicamente sobre suas vantagens comparativas únicas em bioeconomia.

Fonte: Identificação das Oportunidades e o Potencial do Impacto da Bioeconomia para a Descarbonização do Brasil. Organizadora: ABBI e Embrapa Agroenergia. Novembro de 2022. https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/doc/1148694/1/Bioeconomia-Descarbonizacao.pdf



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