Em tempos que remetem às incertezas de 1968, com crises e divisões políticas marcando o cenário mundial, a bioeconomia surge como uma alternativa para restaurar a esperança e promover mudanças significativas. No complexo contexto atual, a descarbonização da agricultura e a mitigação dos riscos da biotecnologia emergem como duas estratégias centrais para moldar um futuro mais sustentável.
Uma das principais tarefas apontadas é a **descarbonização da agricultura**, essencial para reduzir os custos de matérias-primas biológicas e permitir que estas competam com os combustíveis fósseis a longo prazo, sem a necessidade de preços de carvão exorbitantes. O foco está em duas abordagens promissoras para a sequestro de carbono no solo. A **pirólise de biomassa** oferece uma solução ao produzir gás e líquidos, além de armazenar o biochar de forma estável e beneficiar o solo. Outra abordagem, o uso do processo de reversão da reação gás-água, sugere a produção de metano a partir de CO2 e hidrogênio, com o hidrogênio sendo obtido da separação da água em refinarias, locais já equipados com infraestrutura de distribuição de água.
A redução dos custos das matérias-primas é vista como crucial para assegurar a viabilidade da bioeconomia. Menores preços do carbono podem ser mais impactantes se acompanhados por práticas agrícolas mais sustentáveis. A adoção dessas práticas evita a necessidade de cruzar o país com dutos para transportar CO2 das refinarias para cavernas geológicas, um método impraticável em larga escala. Com a implementação dessas soluções locais, a agricultura pode contribuir significativamente para a redução das emissões de carbono.
Além da agricultura, a bioeconomia também enfrenta o desafio de minimizar riscos em investimentos em biotecnologia industrial. O enfoque está na **reutilização de infraestruturas atuais** para suportar novos produtos, melhorando a eficiência e reduzindo os custos de investimento. Isso inclui o uso de refinarias existentes para novas moléculas, diminuindo os gastos de capital e acelerando a implementação. A construção de novas capacidades deve ser reservada somente para processos comprovados, como tem sido feito com o **biogás via digestão anaeróbica** e o **hidrogênio**.
Essas práticas representam uma mudança de paradigma, afastando-se da simples otimização de infraestruturas antigas para produtos existentes e movendo-se para uma reutilização estratégica de instalações para suportar novas tecnologias. Esse modelo de menor risco tem demonstrado eficiência na rápida expansão do diesel renovável, um combustível que tem ganhado espaço justamente por seus menores custos e rápida implementação.
Em um cenário onde crises contemporâneas dialogam com os desafios de décadas passadas, é fundamental adotar uma abordagem multifacetada para a bioeconomia. Como foi observado durante a recuperação dos anos 1970, a dependência excessiva de uma única fonte de energia pode gerar uma nova crise no futuro. Diversificar nossas alternativas energéticas e de recursos é essencial para não repetir os erros do século XX.
Portanto, aproveitar a atual estrutura de refinarias e outras instalações industriais para produtos bio-based, apoiando novos desenvolvimentos, e focar na descarbonização da agricultura são passos concretos e viáveis para fortalecer a bioeconomia. Assim, podemos enfrentar os desafios ambientais e econômicos do presente com visão e resiliência, buscando soluções sustentáveis que garantam um desenvolvimento equilibrado e duradouro.
O **futuro da bioeconomia** depende de como enfrentaremos esses desafios agora, criando um caminho que nos permita não apenas repetir os erros de períodos turbulentos do passado, mas garantir um legado positivo para as próximas gerações.
Fonte: https://www.biofuelsdigest.com/bdigest/1968-are-we-back-there-again-can-the-bioeconomy-help/