A exploração econômica sustentável das riquezas naturais na Amazônia recebeu um importante impulso com a implementação de abordagens baseadas em bioeconomia. Segundo Nathaniel Calhoun, fundador da Bioverse, empresa brasileira de tecnologia em conservação, adotar estratégias de bioeconomia pode ser vital para viabilizar projetos de créditos de biodiversidade, especialmente em um momento em que a demanda ainda é incipiente.
A aplicação deste modelo de bioeconomia se concentra em maximizar os benefícios econômicos obtidos de produtos florestais não madeireiros dentro das áreas de conservação. Isso se harmoniza com as intenções dos desenvolvedores de projetos de gerar créditos a partir dessas áreas. Calhoun ressalta que, mesmo com o aumento da atenção ao mercado voluntário de créditos de biodiversidade após a estruturação do Kunming-Montreal Global Biodiversity Framework, falta tradução desse interesse em transações efetivas.
Um dos pontos focais desse modelo é treinar as comunidades locais na utilização de plataformas tecnológicas avançadas, como drones, para mapeamento e previsão de rendimento das espécies florestais não madeireiras. Esta prática não só permite a identificação precisa dos recursos disponíveis, mas também avalia o potencial econômico dos projetos. Em síntese, a abordagem bioeconômica pode multiplicar de 25 a 75 vezes a rentabilidade econômica por hectare, alterando a dinâmica econômica desses projetos de restauração ecológica.
Essa metodologia não se limita a aumentar a viabilidade financeira dos projetos, mas também busca resultados ambientais de longo prazo. Ao criar áreas buffer altamente produtivas dentro dos ecossistemas restaurados, há um impacto econômico positivo tanto para os desenvolvedores quanto para as comunidades que vivem em proximidade com essas áreas. Segundo Calhoun, uma bioeconomia bem estruturada não só contribui com a sustentabilidade financeira dos projetos, mas também fortalece os resultados ambientais ao longo do tempo.
Colaborando com grandes nomes no espaço de biodiversidade, incluindo Terrasos e RePlanet, a Bioverse busca intensificar o foco na bioeconomia dentro do mercado emergente de créditos. Um estudo recente do World Bioeconomy Forum estima que a economia global baseada em biologia está avaliada em 4 trilhões de dólares, podendo expandir para até 30 trilhões até 2050.
A nível local, iniciativas recentes visam ampliar esse conceito na Bacia Amazônica, com atuações que vão desde cooperativas locais de coleta até parcerias com organizações internacionais. Além disso, parcerias entre o Brasil e a França já sinalizaram um investimento de 1 bilhão de euros para impulsionar o financiamento bioeconomico na região amazônica.
O Governo brasileiro também está na linha de frente de uma iniciativa global para elaborar princípios de alto nível que integrem a Declaração do Rio, a ser adotada pelos países do G20 no final da presidência brasileira em novembro.
Com esses números e parcerias em perspectiva, a bioeconomia não só se apresenta como uma alternativa viável para enfrentar os desafios da demanda por créditos de biodiversidade, mas também como um motor potencial para futuras expansões econômicas e ambientais, impactando positivamente tanto o mercado quanto a conservação do que é uma das maiores riquezas mundiais: a Amazônia.