Bioeconomia da Europa enfrenta desafio de escalada na produção em 30 anos

A bioeconomia europeia amadureceu desde que a Comissão Europeia iniciou sua empreitada conjunta com a indústria bio-based há mais de uma década. Esse campo, inicialmente centrado na bioenergia, hoje avança para a produção de produtos de maior valor agregado, como polímeros, químicos e compostos bioativos, segundo declarações de Kevin O’Connor, professor de microbiologia aplicada e biotecnologia na University College Dublin.

No entanto, a transição para a substituição parcial de combustíveis fósseis por químicos bio-baseados em aplicações como fertilizantes e plásticos é um desafio de décadas que envolve a ampliação da produção sem prejudicar o ambiente. Embora haja um movimento para a mudança, o professor salienta a importância da prevenção e minimização de recursos. A utilização desproporcional de culturas para a produção de biocombustíveis, que anteriormente comprometeu terras antes destinadas à alimentação, ofereceu lições valiosas nesse sentido.

Agora, com o enfoque na produção de biocombustíveis de segunda geração oriundos como subprodutos da silvicultura ou agricultura, abre-se um novo capítulo. O’Connor considera aceitável produzir biocombustíveis dessa maneira, mas ressalta que devem ser produtos secundários para evitar problemas ambientais ao escalar a produção.

A bioeconomia também se volta para as potencialidades dos oceanos. Segundo Fabio Fava, vice-presidente de um grupo representativo dos estados membros na Circular Bio-based Europe Joint Undertaking (CBE JU), é necessário observar mais atentamente os recursos biológicos marinhos, pois estes constituem 80% da biodiversidade e detém 50% da biomassa primária. Objetos de estudo incluem mangues, algas verdes e gramíneas marinhas como matérias-primas viáveis para a obtenção de químicos bio-baseados.

O interesse particular está na produção de plásticos bio-baseados e biodegradáveis, um dos focos dos pesquisadores. No entanto, uma fase além da criação de materiais bio-baseados é necessária, como sublinha O’Connor, que defende a prevenção e a reciclagem — por exemplo, no caso de garrafas plásticas.

A busca é por insumos de baixo impacto ambiental, evitando repetir erros do passado e sugere um olhar cuidadoso sobre os 140 milhões de toneladas de resíduos municipais produzidos anualmente na Europa, ou seja, repensar a abordagem linear passada e considerar soluções circulares.

O desenvolvimento e a implementação de biorrefinarias multifuncionais que lidem com uma variedade de insumos, desde resíduos agrícolas e florestais até restos urbanos, são considerados passos seguintes essenciais. No entanto, este é um grande desafio que demanda pesquisa para flexibilizar a entrada de diferentes insumos, afirmou O’Connor.

O desafio de escalar a produção de forma economicamente rentável e ambientalmente responsável é real. Greet Maenhout, do Centro Comum de Pesquisa da Comissão Europeia, menciona a existência de uma ‘variedade imensa de pequenos produtos’ que ainda não alcançaram níveis de produção compatíveis com uma bioeconomia de grande escala.

O’Connor adverte que a expectativa de eliminar totalmente os combustíveis fósseis em áreas como fertilizantes levará pelo menos 15 a 20 anos e que o preço será sempre um desafio. Incentivar a mudança é crucial, mas requer inovação e investimento.


Fonte: https://www.euractiv.com/section/biomass/news/scaling-up-the-bioeconomys-30-year-challenge/

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