ONU coloca em perspectiva a bioeconomia global e o futuro sustentável

A recente discussão promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a bioeconomia global nos permite examinar um futuro onde a circularidade e a sustentabilidade são a espinha dorsal do desenvolvimento econômico. Com seminários focando especialmente em regiões urbanas da África e Ásia, e relatórios abrangentes que capturam as tendências emergentes dos setores biobaseados, a ONU está efetivamente desenhando o mapa para a transição para a bioeconomia circular.

Diálogos engajadores e práticas exemplares têm emergido. Por exemplo, o seminário da Organização para Alimentação e Agricultura (FAO), parte do programa ‘City Region Food Systems Knowledge Exchange’, discutiu as vitalidades dos sistemas alimentares urbanos e rurais e como suas sinergias podem promover sistemas alimentares sustentáveis. Nesse contexto, a bio-circularidade é vista não apenas como uma política ambiental, mas também como um mecanismo de segurança econômica para cidades enfrentando mudanças climáticas.

Exemplos práticos dessa aplicação são evidentes em Quezon, Filipinas, e Nairóbi, Quênia. Em Quezon, a cidade está explorando a geração de energia biopotencial a partir de resíduos e a instalação de biodigestores para a conversão de resíduos alimentares em biogás. Já em Nairóbi, os resíduos dos mercados alimentícios estão sendo compostados para uso agrícola, destacando a integralidade do processo circular numa escala urbana.

Os seminários forneceram também um panorama do setor privado, que está desenvolvendo uma cultura empreendedora ao redor do bio-resíduo, como na transformação de resíduos de esgoto em ração para aquicultura em Gana. A formalização dessas atividades permite que políticas mais impactantes sejam construídas, com entidades capazes de gerenciar resíduos se alinhando mais facilmente com as regulações governamentais.

Seguindo essas discussões, o Programa Ambiental das Nações Unidas (UNEP) divulgou um relatório detalhado que oferece uma visão ampla dos desenvolvimentos de mercado e de políticas para todos os principais setores baseados em biologia. Entre os pontos levantados, destaca-se a dificuldade na escalabilidade de produtos biobaseados devido aos custos elevados quando comparados com a indústria legada de petróleo e gás – uma consequência direta do vasto investimento histórico na infraestrutura petroquímica.

Outra área em ascensão é o mercado de biocombustíveis para aviação. O reporte destaca que, apesar dos custos ainda serem maiores, o rápido avanço tecnológico e a maturidade comercial promovem a competitividade no mercado, com políticas governamentais sendo o possível catalisador para cumprir metas ambiciosas de substituição de combustíveis convencionais por alternativas sustentáveis.

Além disso, na indústria química, observa-se uma transição de produtos químicos baseados em amido para aqueles produzidos a partir de lignocelulose, o que pode reduzir os conflitos de terra e uso de recursos relacionados à produção tradicional de grãos. No entanto, o UNEP adverte que a expansão da bioeconomia ainda favorece o crescimento em detrimento do meio ambiente e da equidade, especialmente nas regiões em desenvolvimento que podem enfrentar problemas de uso de terra e perda de biodiversidade.

Finalmente, é notável que, enquanto materiais naturais como seda, cânhamo e algodão experenciam um renascimento no mercado têxtil, é imperativo considerar o impacto ambiental do seu cultivo e transporte. A adoção de métodos orgânicos de cultivo pode atenuar esses impactos, cada vez mais uma preocupação para o consumidor consciente.


Fonte: https://worldbiomarketinsights.com/the-un-takes-stock-of-the-global-bioeconomy/

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