Bioeconomia circular como estratégia de sustentabilidade para o sul global

A bioeconomia circular emerge como um paradigma transformador capaz de atenuar os impactos ambientais do desenvolvimento global, principalmente nos países do Sul Global. Este grupo de nações enfrenta problemas multidimensionais, desde crises climáticas até questões socioeconômicas agudas. A transição para a bioeconomia circular regenerativa é, portanto, mais do que uma mudança de paradigma – é uma necessidade estratégica.

Com base em um meticuloso levantamento de evidências e um processo de pesquisa colaborativa, sugere-se que a produção e utilização de biomassa pode ser otimizada para gerar benefícios ambientais, econômicos e sociais simultâneos. Isso inclui o armazenamento de carbono em materiais bioconstruídos e a redução da poluição do ar e da água, ao mesmo tempo que potencializa rendas locais e enfrenta a degradação das terras.

Os desafios para implementar essa transformação são complexos e multifacetados, passando por barreiras tecnológicas, logísticas, de infraestrutura e até percepções e preferências dos consumidores. Contudo, soluções inovadoras e estratégias de desenvolvimento alinhadas ao contexto local podem viabilizar essa transição.

Políticas públicas bem elaboradas, parcerias estratégicas e um foco em edificação de capacidades e desenvolvimento de competências surgem como blocos de construção essenciais para esta mudança sistêmica. A inovação tecnológica, apoiada por investimentos e colaboração entre academia e indústria, emerge como um componente chave para permitir escalonamento e diversificação produtiva.

A concepção de uma estratégia nacional integrada e iniciativas regionais são apontadas como medidas cruciais para dar coerência e direcionamento às ações rumo a bioeconomia circular. O reconhecimento e valorização dos saberes indígenas e de comunidades locais, bem como a incorporação de métodos de produção regenerativos e circulares, são destacados como aspectos fundamentais na construção de um modelo sustentável e inclusivo.

O caminho para uma bioeconomia circular nos países do Sul Global exige um modelo de governança adaptativo, que consiga revisar políticas conforme a evolução das iniciativas e sua eficácia ambiental e econômica. Com o dinamismo apropriado e a criação de estruturas interdepartamentais e plataformas de conhecimento compartilhado, a transição para práticas bioeconômicas será não apenas uma solução para crises imediatas mas um propulsor de crescimento sustentável e equitativo a longo prazo.

Fonte: Growing the circular bioeconomy, with a focus on the Global South

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