A Amazônia está em um ponto crítico, enfrentando desafios significativos que ameaçam seu futuro e as comunidades que dela dependem. Apesar de sua biodiversidade abundante e riqueza cultural, a região está sob pressão devido a altos níveis de pobreza e desigualdade, além de desafios ambientais que comprometem o progresso de seus moradores e sua capacidade de acessar alimentos seguros e nutritivos.
Englobando diversos países da América do Sul, a Amazônia é lar de cerca de 50 milhões de pessoas, incluindo mais de 400 povos indígenas e várias comunidades tradicionais. Estas populações dependem diretamente dos recursos naturais da floresta para suas necessidades de água, alimentação e sustento. Não obstante, estas comunidades possuem o conhecimento local necessário para desenvolver ações rumo a um futuro sustentável.
O conceito de bioeconomia amazônica emerge como uma proposta viável para promover o uso sustentável e inclusivo dos recursos naturais da região, trazendo benefícios para as populações locais. Contudo, o caminho para tornar isso uma realidade enfrenta desafios como riscos climáticos, desmatamento e desigualdades, que complicam a implantação de um modelo econômico favorável tanto para as pessoas quanto para a natureza.
Modelos de negócios que continuam a sacrificar a biodiversidade e os recursos naturais apresentam o risco de um colapso irreversível. Portanto, é essencial promover mecanismos que possibilitem o desenvolvimento econômico sustentável, melhorando o acesso alimentício, aumentando as rendas, criando empregos e elevando os padrões de vida das comunidades envolvidas.
No evento “Diálogos Amazônicos“, organizado pela FAO e pelo Governo do Brasil em Belém, uma série de propostas foi discutida por diversos setores, incluindo a academia, a sociedade civil, o setor público e privado, além dos povos indígenas. Este encontro resultou na assinatura da Declaração de Belém por oito países, estabelecendo 113 objetivos para promover o desenvolvimento sustentável na região. Essa declaração destacou que a bioeconomia pode ser um pilar fundamental, mas requer uma abordagem abrangente e multissetorial.
A FAO, em parceria com a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), continua seus esforços para assegurar a segurança alimentar e nutricional na Amazônia, reduzir a pobreza e fortalecer cadeias de valor sustentáveis. Estas ações são direcionadas para melhorar a produtividade, gerar bens públicos e promover a bioeconomia, oferecendo, assim, perspectivas para um futuro melhor.
A iniciativa Hand-in-Hand da FAO está impulsionando um programa de investimentos com componentes cruciais: fortalecimento de bens públicos e formulação de políticas, assegurando o acesso a serviços digitais e conectividade, e desenvolvimento de cadeias de valor sustentáveis, especialmente no manejo de bacias hidrográficas e recursos pesqueiros.
Ademais, a bioeconomia amazônica não é apenas um modelo econômico; é uma oportunidade de reforçar a nossa relação com a natureza, reconhecendo a Amazônia como um patrimônio que precisa ser protegido e valorizado. Prosseguir nesta direção requer uma abordagem intersetorial que envolva comunidades, governos, setores privado e financeiro, e a academia.
Participar ativamente em fóruns e espaços de diálogo, como o Fórum Mundial de Investimentos 2024, é crucial para apresentar programas de investimento que contemplem cadeias de valor sustentáveis no bioma amazônico. Esta é uma iniciativa coletiva: juntos, podemos alcançar uma transformação inclusiva do bioma amazônico, protegendo sua biodiversidade e criando sistemas agroalimentares mais eficientes, inclusivos, resilientes e sustentáveis, sem deixar ninguém para trás.
Fonte: https://www.ipsnews.net/2024/10/amazonian-bioeconomy-essential-path-sustainable-development/