Em um contexto onde a bioeconomia se afirma como força motriz do desenvolvimento sustentável, Árabia Saudita e Índia emergem como protagonistas de uma colaboração promissora. Ambas nações, repletas de vigor econômico, delinearam estratégias para estruturar a bioeconomia em territórios próprios, evidenciando o potencial colaborativo inerente à relação entre esses dois países.
A proliferação da bioeconomia, setor que operacionaliza a transição dos recursos biológicos renováveis em elementos fundamentais para produtos, químicos, energia e cuidados com a saúde, tem sido apontada como crucial para a gerência sustentável do valor planetário. Estima-se que até 2030 a bioeconomia, embasada na biologia sintética, poderá valer cerca de 30 trilhões de dólares, empurrando a fronteira do progresso tecnológico.
A capacidade deste setor foi evidenciada durante a pandemia de COVID-19, quando as vacinas bio-habilitadas, incluindo aquelas produzidas na Índia por meio de vasta capacidade manufatureira, foram distribuídas globalmente em tempo recorde, exemplificando o poder das parcerias bio-habilitadas.
Observa-se que a colaboração Indo-Saudita transcende a mera coexistência comercial, abrindo campo para investimentos mútuos em biocombustíveis, biomanufatura de vacinas e energia sustentável. A Índia lançou a Aliança Global de Biocombustíveis da G20 e caminha para a produção local desses insumos, enquanto a ARAMCO, gigante petrolífera Saudita, diversifica investimentos em busca de fontes energéticas alternativas como o hidrogênio azul e verde.
No setor de saúde, a colaboração desses países é particularmente pertinente. As soluções de saúde personalizadas tornam-se centrais na gestão de doenças crônicas como diabetes, que afetam grandemente ambos os países. Avanços em biotecnologia e tecnologias da Quarta Revolução Industrial (4IR) como IA e Big Data sinalizam um futuro onde o atendimento se afina às necessidades individuais dos pacientes. A Índia, líder do segmento de bioserviços, atribui seu sucesso à vasta reserva de talentos e ao ecossistema de biomanufatura já estabelecido.
Para potencializar essas forças, sugere-se a criação de programas acadêmicos e de treinamento conjuntos, voltados à requalificação da força de trabalho, e a escalada dos orçamentos de P&D destinados a pesquisas bio-habilitadas e impactadas. Além disso, a formação de um fundo conjunto Índia-Árabia Saudita para a comercialização de tecnologias críticas aparece como uma via viável para capitalizar sobre essa parceria estratégica.
Com o impulso da Iniciativa Bioeconomia do Fórum Econômico Mundial, o futuro da colaboração Indo-Saudita na bioeconomia avizinha-se como um modelo de cooperação transfronteiriça, visando romper barreiras geográficas, setoriais e sociais para consolidar alternativas escaláveis e sustentáveis que possam gerar impacto positivo a nível global.
Fonte: https://www.weforum.org/agenda/2024/04/saudi-arabia-and-india-a-bioeconomy-match-made-in-heaven/