Belém avança como modelo de bioeconomia urbana sustentável

Em Belém, uma capital à beira do rio Amazonas, o conceito de bioeconomia urbana começa a ganhar forma, entrelaçando temas de circularidade, recursos renováveis e infraestrutura verde. Essa abordagem já está transformando economias locais, especialmente com o surgimento de negócios sustentáveis na Ilha do Combu.

Localizada a apenas 10 minutos de barco de Belém, a Ilha do Combu sustenta práticas tradicionais e inovadoras que impulsionam a bioeconomia. A “Saldosa Maloca” é um restaurante que utiliza resíduos orgânicos para a geração de biogás, retornando essa energia renovável para sua cozinha, um exemplo claro de economia circular em prática. Em paralelo, a fábrica de chocolate “Filha do Combu” preserva práticas tradicionais de cultivo de cacau, garantindo que a produção e os lucros permaneçam na comunidade.

Durante o recente Fórum UrbanShift em Belém, onde especialistas discutiram métodos para implementar economias urbanas mais sustentáveis, a Ilha do Combu destacou-se como uma ilustração real e impactante de uma bioeconomia integrada. Os participantes do fórum perceberam a necessidade urgente de centrar economias urbanas em ecossistemas vitais e no bem-estar dos residentes locais.

Na região amazônica, desafios como a expansão urbana e a degradação do ecossistema são evidentes. Apesar de rica em biodiversidade, esta área enfrenta pressões do agronegócio, da produção de gado e da mineração, práticas estas que frequentemente não trazem benefícios para as populações locais e ameaçam o equilíbrio dos ecossistemas.

Os debates do fórum destacaram a importância de reimaginar sistemas econômicos que não só preservem a biodiversidade, mas também respeitem o conhecimento tradicional local e distribuam benefícios econômicos de maneira justa. As empresas bioeconômicas alicerçam suas operações sobre recursos renováveis, promovendo eficiência e reduzindo impacto ambiental.

O conceito de bioeconomia propõe uma transição de modelos tradicionais de produção para uma abordagem mais sustentável e circular, utilizando recursos biológicos renováveis e fomentando a infraestrutura verde. Em cidades ricas em biodiversidade, como Belém, esse modelo deve priorizar a preservação da biodiversidade local e soluções baseadas na natureza.

Belém desponta como um exemplo catalisador de políticas públicas para desenvolvimento econômico e social territorialmente ajustadas. O recente lançamento do Distrito de Inovação e Bioeconomia de Belém enfatiza esta transformação cultural e econômica. Colaborações com cooperativas, start-ups e pequenas e médias empresas estão moldando um ecossistema de inovação focado em sustentabilidade e economia criativa.

A importância das cidades e das empresas em promover a bioeconomia é crucial. Políticas que priorizam a sustentabilidade e práticas comerciais que respeitam os limites dos ecossistemas locais são imperativas para um futuro equilibrado.

Outras cidades, como Quito, também estão trilhando caminhos semelhantes. Por meio de políticas que protegem áreas naturais e fomentam soluções baseadas na natureza, estas cidades estão lançando as bases para bioeconomias robustas, enquanto estimulam o empreendedorismo local e a conservação da biodiversidade.

A bioeconomia urbana surge, portanto, como uma fronteira inovadora no pensamento econômico. No epicentro desta transformação está a efetiva reconciliação entre progresso econômico e saúde dos ecossistemas. Cidades modelos, como Belém e Quito, oferecem exemplos inspiradores de um futuro onde economia, natureza e comunidades prosperam em harmonia.


Fonte: https://www.shiftcities.org/post/how-urban-bioeconomy-can-promote-healthy-ecosystems-and-spur-sustainable-economic-prosperity

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